Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade orienta sobre o aleitamento materno que reduz a mortalidade, desnutrição e reforça importância do apoio do pai durante o processo de adaptação entre mãe e bebê
A frase é muito comum. A maioria das mães, principalmente as de primeira viagem, ouve essa frase e se assusta, porém o leite materno tem os nutrientes necessários para a manutenção e promoção à saúde do bebê, tanto que até os seis meses de vida deve ser o alimento exclusivo, sem a necessidade de chás e até água. Entre os dias 1 e 7 de agosto, é datada a Semana Mundial da Amamentação, promovida pelo movimento WABA – World Breastfeeding Week, para incentivar o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. Em 2017, o foco da campanha é “Amamentar. Ninguém pode fazer por você. Todos podem fazer juntos com você”. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) apoia a causa, que reduz a mortalidade, desnutrição e reforça a importância do apoio do pai durante todo o processo de adaptação entre mãe e bebê.
“Por mais que o leite de cada mãe seja diferente, pois é produzido de acordo com as características corporais e hábitos de vida, tem componentes ideais para saciar a fome e a sede da criança, além de proporcionar nutrientes para prevenção de doenças que só o leite materno possui. Além disso, estudos científicos mostram que crianças amamentadas por mais de um ano têm na vida adulta, maior QI, escolaridade e renda do que aqueles que não completaram um mês de alimentação com leite materno.”, explica Denize Ornelas, médica de família e diretora da SBMFC.
Um fator de preocupação que leva ao desmame precoce é o choro frequente dos primeiros meses de vida. Choro não é sinal de leite fraco – quando o bebê chora, mesmo após a amamentação, nem sempre é porque ainda não foi satisfeito e em geral há algo que o incomode, que pode ser desde a temperatura corporal ou do ambiente, incômodo que aponte pra troca de fraldas ou mesmo a necessidade de manter proximidade física com mãe que é maior nos três primeiros meses de vida, conhecida como período de extero-gestação.
Caso continue a chorar os pais podem adotar atitudes como fazer o pacotinho do bebê (quando se embrulha o bebê apertadinho como se estivesse no útero) enquanto fazem o som favorito do bebê ‘shhhhh’ e o balanço suave e ritmado.
É um erro comum que frente às queixas de choro repetido e a insegurança dos pais, profissionais de saúde indiquem fórmulas para complementação do aleitamento, até para bebês menores de seis meses, mas fiquem atentos. Antes de incluir alimentação artificial na rotina, o ideal é investigar os motivos de insegurança, com uma boa relação entre médico e paciente, para que possam chegar juntos a uma solução menos prejudicial à amamentação e consequentemente, à saúde do bebê. As consultas de puericultura, o acompanhamento do peso e dos marcos de desenvolvimento tranquilizam os pais e permite a identificação de problemas que podem ser corrigidos.
Denize explica que um dos motivos para a não adesão do bebê à amamentação materno pode ser a posição e/ou a “pega” incorretas, além de feridas no seio da mãe que causam dor e desconforto. “Para evitar os machucados e rachaduras, o bebê deve mamar não só pelo bico do seio, mas por boa parte da auréola. Caso isso não aconteça de primeira, tire-o delicadamente e tente novamente. Caso tenha feridas, o próprio leite possui ação antibactericida e pode ajudar na recuperação, a orientação é não lavar os seios antes ou depois da mamada, mas passar o próprio leite, sem nenhum produto ou pomada. Além disso, não esfregue toalhas e buchas. A recomendação é não mexer e não usar sabão direto no mamilo. Lembre-se que paciência é fundamental em todo esse processo de aprendizado, principalmente nos primeiros dias em que a mãe e bebê estão se conhecendo e aprendendo a conviver juntos”, complementa.
Mas o alerta para as famílias é ter paciência, pois novos alimentos antes dos seis meses podem acarretar não só no desmame precoce, como também alergias alimentares e diarreia na criança.
Papel do pai
Por mais que seja a mãe que forneça o leite ao bebê, o pai tem papel essencial em todo o processo, desde a fase de preparação no pré-natal e não só nos momentos da mamada. Apoio é importante, pois na adaptação da amamentação é necessário ter paciência e, quando se tem auxílio, a mulher sente-se mais confiante e acolhida. O pai pode controlar o horário das visitas, além de reforçar os conceitos da mãe ao romper barreiras de preconceito sobre amamentação em lugares públicos, prática, que infelizmente, em muitos lugares, ainda não é vista como algo comum e natural.
“Além disso, o pai pode auxiliar nos cuidados com o bebê e em outras tarefas, como as domésticas. Dar banho no bebê, ficar com ele no colo enquanto a mãe faz uma refeição e toma banho com tranquilidade, são pequenas atitudes, mas que contribuem. Ficar com o bebê também enquanto a mãe faz massagens para aliviar a dor nos seios e preparar um local calmo e aconchegante para a hora da mamada também valem”, reforça Denize.