O presidente da SBMFC, Thiago Trindade, participou da mesa de discussão sobre residência médica no II Fórum de Ensino em Medicina de Família e Comunidade, realizado dia 4 de junho, em São Paulo, pelo Instituto de Ensino e Pesquisa Sírio-Libânes e coordenado por Renato Walch.
Na ocasião, Trindade apontou o crescimento no número de vagas para residência em Medicina de Família e Comunidade, de 2002 a 2015. Segundo ele, houve uma expansão e criação de vagas autorizadas e, apenas no último ano citado, foram mais de 1.500 novas, o que significa que há um fluxo contínuo importante.
“A dificuldade atual é a ocupação dessas vagas. Hoje, apenas 25% estão preenchidas. O número de participação satisfatório seria de 80%, assim como países que têm sistemas de saúde baseados na Atenção Primária, com médico de família e comunidade, como o Canadá, por exemplo”, ressalta.
A SBMFC triplicou o número absoluto de vagas, porém ainda não foi possível romper a barreira de 30% de taxa de ocupação. A partir dessa problemática, há eixos que precisam ser trabalhados na graduação como:
– Estudantes precisam conhecer a especialidade;
– Só há conhecimento da especialidade quando ela é apresentada de forma qualificada, especializada e científica;
– Antigamente, poucas universidades tinham a disciplina de MFC, hoje, pelo menos mais de 70% das faculdades de medicina tem um professor especializado e esse processo deve se intensificar;
– Há municípios-modelos para serem seguidos, como Florianópolis (SC), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP).
A residência médica precisa ser enxergada com interesse porque há desistências anuais em torno de 100 vagas em âmbito nacional. “Isso se deve a necessidade de avaliação e discussão com o mercado, além da qualidade e do perfil com necessidade de aumento da bolsa, já que a maioria dos candidatos já têm família. Todos são tópicos importantes e auxiliam a fixação dos residentes na MFC”, afirma Trindade.
A SBMFC tem lutado para que haja uma regulação das vagas com ocupação entre 30 e 40%. “Nos países com MFC bem implementada e estruturada, a ocupação da residência em MFC chega a 40% no total de vagas, englobando todas as especialidades“, explica.
No Canadá, o presidente da SBMFC exemplifica que, das três mil vagas, 1.300 são de MFC, número que está nos parâmetros da OMS com 30% de vagas para residência em um sistema universal voltado para a Atenção Primária.
De acordo com o novo marco legal brasileiro, com a Lei do Programa Mais Médicos, há uma expectativa de que em 2019 tenhamos 18 mil vagas em RM, mas a SBMFC repensa o que sempre é factível: termos 40% do total de vagas destinadas de residência médica como obrigatoriedade em Medicina de Família e Comunidade, assim como países de referência em Medicina de Família.
O atual desafio é expandir, em larga escala, para chegar a 40% das vagas, que significa oito mil vagas. A SBMFC apoia a educação, os cursos já existentes, a necessidade de uma nova regulamentação com defesa dos 40% e regulamentação com data fixa. Além disso, defende que, para se entrar no SUS, é obrigatório ter a residência em MFC, que significa a luta da entidade pelo fato de se ter uma APS de qualidade e que atenda as expectativas dessa vertente de toda a população.