Vice-diretora da Diretoria de Residentes da SBMFC fala da importância do papel da Sociedade na residência
Por Danielle Menezes
Natural do Rio Grande do Norte, a atual vice-diretora da Diretoria de Residentes da SBMFC, Laís Izabel Maia Melo, foi eleita durante o 13º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, realizado em Natal (RN), em julho de 2015. Ela tomou posse juntamente com José Carlos Arrojo Júnior, diretor na gestão atual.
Graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a estudante afirma que a MFC é o ramo mais exato da medicina. “Na universidade, pude ter contato com diversas ideias a respeito de cuidado, desde a tradicional ‘medicina à beira do leito’ aos conceitos da prevenção quaternária. A medicina de família e comunidade era a especialidade que mais se aproximava do que eu acredito ser a prática genuína da medicina, se propondo um exercício baseado em evidências, centrado na pessoa, com compromisso social e político”, diz.
Hoje, Laís declara que o “objetivo principal da Diretoria é fortalecer o contato com os residentes da MFC no Brasil, entendendo que precisamos estar cada vez mais coesos em nossas práticas e que a residência é o padrão-ouro na formação do jovem médico de família e comunidade”. Confira a entrevista.
Na sua avaliação, qual é o perfil do residente em MFC?
O residente em MFC é um profissional prioritariamente interessado no bem-estar do paciente em seu contexto social, ciente de que é uma especialidade que não dissocia o indivíduo do espaço onde ele se insere e de que precisa estudar os determinantes do processo saúde-doença-cuidado. Para isso, o residente precisa ser interessado em conceitos da medicina baseada em evidências, no conhecimento do território onde trabalha, em ferramentas de otimização da comunicação médico-paciente, na segurança do paciente e advocacia por ele.
Como a senhora definiria o panorama atual da residência na especialidade?
Estamos em um momento histórico de expansão dos programas de residência. É um momento de comemoração pelos avanços alcançados e também de muita vigilância, para que não haja a banalização da formação de um profissional que é essencial para a ‘engrenagem’ de qualquer sistema de saúde, seja em serviços públicos, seja em privados.
Qual a relação dos residentes com a SBMFC?
Essa relação hoje se dá muito fortemente por meio dos movimentos dos jovens médicos de família e comunidade e da própria Diretoria de Residentes da SBMFC. Temos uma relação muito amistosa e sabemos que podemos contar com o apoio da Sociedade para os nossos questionamentos e propostas de ação.
Quais os principais desafios e projetos da Diretoria?
Nosso desafio é praticamente o mesmo de qualquer entidade representativa no Brasil: lidar com as diversas realidades em um país de proporções continentais. Tentamos atender a cada demanda com um olhar singularizado das questões trazidas pelos residentes. Não é fácil, mas ao mesmo tempo é muito interessante poder fazer parte do trabalho com esses desafios, compartilhando situações bem distintas e que nos fazem refletir o tempo todo sobre como podemos reduzir iniquidades na formação dos jovens médicos de família e comunidade. Em relação aos projetos, estamos trabalhando para a elaboração de um banco de dados dos atuais residentes da MFC no Brasil e suas principais demandas. Temos reuniões regulares com os jovens médicos. Pelo menos uma vez por mês, nós discutimos nossa participação no Wonca do Rio de Janeiro. Também estamos planejando espaços para intercâmbio durante o pré-congresso.
Como funciona a divulgação da residência para os alunos de medicina?
Atualmente, contamos com um movimento muito forte de Ligas Acadêmicas em Saúde da Família no Brasil, o que tem sido fundamental para a divulgação da especialidade para os estudantes de medicina, junto ao Waynakay. Muitos dos profissionais da MFC hoje também são professores nas universidades, atuando na formação e inspiração desses estudantes. Essa, para mim, é a forma mais efetiva de divulgação da nossa especialidade.
A SBMFC também tem papel fundamental na vida do residente, principalmente no auxílio em sua conclusão do curso. É na Sociedade que o residente pode se amparar tanto em quesitos técnicos, tendo um norte para a continuidade e término da formação, quanto no Currículo Baseado em Competências e também em seus eventos, se integrando, expondo suas dúvidas, angústias e ansiedades e tornando-as menores diante da vontade e da missão de se tornarem grandes médicos e médicas de família e comunidade no Brasil.