A medicina de família e comunidade tem conquistado cada vez mais espaço entre os estudantes. Prova disso é o crescimento do número de ligas acadêmicas que vem sendo criadas. No início do mês de agosto, a PUC-RS inaugurou a primeira Liga de MFC. Como atividade inaugural das atividades do grupo, foi realizada uma aula com o presidente da Associaçao Gaúcha de MFC, José Mauro Ceratti Lopes, e uma mesa redonda com a participação de Carlos Grosmanm, Médico de Família Sênior, pioneiro na criação de postos de saúde próximos à comunidade, iniciativa que serviu de modelo para o Ministério da Saúde.
A equipe de jornalismo da SBMFC News conversou com a MFC Carmen V. Giacobbo Daudt, diretora da Liga de MFC e Professora da Faculdade de Medina da PUC-RS A especialista fala sobre a importância criação do grupo e as expectativas de docentes e alunos.
SBMFC News – Como surgiu a ideia de criar uma liga de MFC na PUC-RS?
Carmen Daudt – Um grupo de alunos do quinto semestre do curso de Medicina, interessados em conhecer mais sobre a prática da MFC e as possibilidades de atuação em nossa especialidade, se uniram e decidiram criar a liga de MFC. Muitos temas relevantes na saúde coletiva são introduzidos e abordados de forma mais sucinta no quarto e quinto semestre, o que instiga muitos de nossos alunos a terem interesse na MFC.
SBMFC News – Quais as expectativas dos integrantes da Liga?
CD– Conversando com os alunos tenho notado grande expectativa deles em trabalhar com pesquisa e se aprofundarem nos conteúdos teóricos e práticos que norteiam a nossa prática. Esse entusiasmo parte também dos docentes que atuam na Liga. Nossa expectativa é despertar o interesse dos alunos para a especialidade desde o início da graduação por meio de atividades que proporcionem a eles (os alunos) uma imersão nas possibilidades de atuação do médico de família.
SBMFC News – Como avalia o interesse dos alunos na MFC?
CD – Desde 2009, com a introdução do internato em saúde coletiva na PUC-RS, a visão dos alunos em relação à MFC começou, aos poucos, a mudar. Mesmo aqueles que desejam fazer outra especialidade passam a conhecer melhor e, inclusive, ter mais respeito pela MFC, que até então não era estimulada durante a graduação. Estamos mais presentes na formação médica. Com os anos estamos notando a diferença, mas ainda assim é um processo lento.
SBMFC News – Quanto a grade curricular, existem conteúdos voltados para a abordagem do atendimento humanizado e da atenção primária?
CD – Com certeza. Principalmente nas disciplinas do segundo e terceiro anos existem disciplinas teóricas e estágios práticos em saúde coletiva. Além disso, desde 2009, o internato proporciona que os alunos do quinto ano façam estágio de quatro meses na Saúde Coletiva.
SBMFC News – Qual a importância das Ligas em estimular a adesão à MFC?
CD – As atividades organizadas pelos próprios estudantes estimulam a participação de alunos de todos os semestres. Assim, todos têm a oportunidade de conhecer de forma mais prática a MFC. Desde o começo do curso eles podem se envolver nas atividades da Liga e desde o início de sua formação terem o interesse pela saúde coletiva despertado. Com o tempo, poderemos avaliar efetivamente o resultado da criação da nossa Liga aqui na PUC-RS.