Programas de rastreamento têm detectado casos de câncer em estágio inicial que jamais causariam sintomas ou morte; tecnologias de diagnóstico sensíveis identificam “anormalidades” tão minúsculas que continuariam benignas; ampliação das definições de doença significa que pessoas em riscos ainda muito pequenos recebem rótulos médicos permanentes e tratamentos vitalícios que não beneficiariam muitas delas. Dessa forma, acumulam-se evidências de que a medicina está prejudicando pessoas saudáveis através da detecção cada vez mais precoce e da definição cada vez mais ampla de doença. A tão elogiada capacidade da medicina de ajudar os doentes está sendo rapidamente desafiada por sua propensão em prejudicar os saudáveis. Uma literatura científica em expansão está fomentando a preocupação pública de que muitas pessoas estejam sendo sobredosadas, sobretratadas e sobrediagnosticadas.