*Por Grupo de Trabalho de PICs da SBMFC
As Práticas Integrativas e Complementares (PICs) são amplamente utilizadas pela população e pelos profissionais de saúde do Brasil e do mundo. São oferecidas no SUS em 19% dos estabelecimentos de atenção primária, estando presentes em 54% dos municípios1.
O estudo e promoção das PICs é incentivado pela OMS e pelo Ministério da saúde2, que atualmente lista 29 PICs3. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade não se isenta e tem o Grupo de Trabalho em PICs, com objetivo de debater, estudar e promover o estudo das PICs no âmbito do trabalho dos Médicos de Família e Comunidade (MFC) no Brasil.
Existem algumas dificuldades na pesquisa em PICs, como a dificuldade de se fazerem estudos “duplo-cego” em pesquisas com práticas corporais, a dificuldade de adaptar à metodologia científica racionalidades diferentes como a homeopatia. Além disto, por serem práticas usualmente econômicas, não costumam contar com os vultuosos investimentos que as grandes indústrias da saúde dedicam à pesquisa em novos fármacos e equipamentos. Mas lentamente vemos aparecerem pesquisas que corroboram as práticas tradicionais em saúde, como por exemplo o uso de acupuntura em fibromialgia4 e o uso de aromaterapia para sintomas depressivos5. Com o desenvolvimento das pesquisas, e a geração de evidências de benefício e segurança, possivelmente no futuro veremos sua incorporação à medicina convencional.
Além disto, mesmo sem recomendação médica, a população tem o hábito de utilizar práticas alternativas para cuidar de suas mazelas. 80% da população mundial faz uso de plantas medicinais6. Assim sendo, o médico que atende a população tem que estar atento a possibilidade de seus pacientes utilizarem terapias não convencionais na busca da saúde. O que pode ser benéfico, mas eventualmente interagir com os tratamentos convencionais, podendo também ser causa insuspeita de efeitos colaterais.
Várias prefeituras e residências oportunizam cursos em PICs. Além disto, podem ser encontrado cursos em PICs, como fitoterapia e auriculoterapia, no ambiente do UnaSUS. Sociedades científicas promovem cursos nas medicinas tradicionais como Acupuntura, Homeopatia, Ayurveda e Antroposofia. Incentivamos os profissionais que desejam se aprimorar, incorporando PICs na sua prática a buscar fontes confiáveis de aperfeiçoamento.
As PICs não são antagônicas, mas complementares à medicina convencional. Não se trata de preferir uma à outra, mas de somar possibilidades, aumentando o arsenal terapêutico do profissional de saúde com diversas possibilidades.
Referências
- Brasil, Ministério da Saúde <http://saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-complementares#politica> [Acesso em 18/10/2019]
- Brasil, Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 971, DE 03 DE MAIO DE 2006
- PORTARIA N° 702, DE 21 DE MARÇO DE 2018
- Acupuncture therapy for fibromyalgia: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Zhang et al. J Pain Res. 2019 Jan 30;12:527-542
- The Effectiveness of Aromatherapy for Depressive Symptoms: A Systematic Review. Sánchez-Vidaña,I. D, et al. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine. Volume 2017.
- Alonso J. Fito/medicina, curso para profissionais da área da saúde. São Paulo: Pharmabooks; 2008