O debate “Perspectivas para atuação do médico de família e comunidade no SUS do Estado de São Paulo”, promovido pela APMFC, dia 5 de dezembro, na cidade de São Paulo, contou com a participação de José Carlos Arrojo Júnior, coordenador do Departamento de Atenção Básica de Araraquara desde janeiro de 2017. "A Atenção Básica precisava do foco na MFC. Estamos tentando fazer a implementação a partir do cuidado centrado na pessoa e não na doença. Temos carta branca para fazer as mudanças necessárias. É um desafio, pois são muitas tarefas incorporadas em um único departamento, mas os resultados mostram que estamos num bom caminho”.
Hoje, o município, cujo nome significa Morada do Sol, tem 76% de cobertura, a partir de 41 equipes, 21 delas com médicos de família e comunidade e residentes. A cidade é um modelo da cidade e qualidade de vida. “Fizemos uma imersão de território para reconhecimento devido ao engessamento que encontramos ao entrar, não só gestão. Agora, 88% das equipes têm menos de 3500 pessoas, seis equipes com acesso avançado e 40% de redução de atendimento nas UPAS”, comenta Arrojo Júnior que também é vice-presidente da APMFC.
Cada unidade tinha seu pólo de atendimento ao tabagista, e a taxa de interrupção era alta. Então foi criado um único pólo noturno central para resolutividade de atenção ao tratamento com 60% de sucesso. A estrutura física tinha apenas 46% de estoque de medicamento. A taxa de amputação, infarto, AVC era grande por falta de medicamento. Hoje esse dado já é de 97%.
Foram implementados consultórios com pequenas cirurgias. O prontuário eletrônico já tinha contrato, então houve uma revisão para torná-lo clínico e centrado na pessoa, a integração está em fase inicial. Sobre a coordenação do cuidado, uma das realizações foi a alta responsável, iniciada com a informatização do registro. Às vezes as informações eram incompletas e o dado que mais se precisava não estava nesse registro. Em janeiro teremos a alta eletrônica e a equipe responsável de alta da Santa Casa, hospital base do município, foi treinada. Na Vigilância em Saúde houve um esforço coletivo com plano de contenção da dengue e febre amarela. Com a mobilização de 13% da população foi vacinada em um mês.
No tópico de valorização profissional, Araraquara não tem histórico de muitas equipes dentro de uma unidade, mas as pessoas não tinham sido olhadas de verdade. O ponto principal foi manter a educação permanente com quatro horas semanais de agenda protegida com temas de atualização clínica baseadas em evidência e revisão de protocolos municipais. Para o Programa de Residência em MFC, foram recebidos mais de 30 inscritos para quatro vagas.