Nota da APMFC frente a situação da pandemia de COVID-19 no município de Araraquara.

3 de março de 2021

Nota da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade (APMFC) frente a situação da pandemia de COVID-19 no município de Araraquara. A APMFC vem, por meio deste documento, demonstrar sua grande preocupação com o risco ao qual a população do Estado de São Paulo está exposta, baseando-se na atual situação de Araraquara e região: um estado de calamidade da saúde, em face da introdução da nova cepa P1 do Sars Cov 2.

Araraquara era citada como um exemplo no combate à COVID-19, tendo inclusive criado internações preventivas, antes mesmo da confirmação de caso, para pessoas de risco e teve disponível testes laboratoriais para confirmação de todos os casos, além de realizar ampla testagem populacional com exames sorológicos durante o ano de 2020.

Porém, desde o mês de janeiro de 2021, e, principalmente, em fevereiro deste ano, ocorreu um aumento vertiginoso no número de casos: a média móvel de casos aumentou 67% na semana de 14-21 de fevereiro. A pandemia tomou proporções tão grandes que Araraquara atingiu a capacidade máxima de 100% dos leitos de enfermaria e UTI, sendo que anteriormente esse percentual raras vezes atingia os 50%.

 

 

Nessa situação, de acordo com as experiências nacionais e internacionais, sabemos que o número de óbitos tende a aumentar de forma considerável. Isso já está acontecendo em Araraquara: até dezembro de 2020 houve 92 óbitos no município (aproximadamente 09 óbitos/mês) e, desde janeiro de 2021 até o momento, tivemos mais 110 novos óbitos, 86 destes só em fevereiro (27/fevereiro/2021), um número 10x maior que no ano anterior.

 

Também o percentual de positividade entre os casos suspeitos vem aumentando a cada semana, chegando à uma 57% na semana de 15-21 de fevereiro. Também nesta semana, 238 pacientes estão internados e 1500 pessoas estão isolamento domiciliar, ou seja, 7 em cada 1000 habitantes de Araraquara estão com COVID.

Frente ao que vem ocorrendo no município de Araraquara, alertamos a todos os médicos e médicas de família e comunidade do estado de São Paulo sobre o avanço crescente da pandemia com o consequente aumento de mortalidade, a saturação dos leitos de enfermaria e de UTI e o possível colapso do sistema de saúde público e privado. No último dia 26 de fevereiro, o estado estendeu para 6 o número de Regiões em fase Vermelha, a mais restritiva (Araraquara, Ribeirão Preto, Bauru, Barretos, Presidente Prudente e Marília). Apenas três regiões estão em fase amarela (Araçatuba, Piracicaba e Baixada Santista. As 8 demais regiões em fase laranja.

Faz-se necessário, imediatamente, a interlocução com todos os níveis de gestão em saúde, para repensarmos e estruturarmos a Atenção Primária a Saúde nesse momento tão delicado. Precisamos fomentar possibilidades de se manter o acesso, tanto dos pacientes com síndromes gripais, mas também para todas as demais demandas necessárias. E, mais do que isso, precisamos reafirmar o apoio aos(as) MFC que estão neste trabalho imprescindível.

Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade Diretoria 2020-22

Nota APMFC Araraquara