O Ministério da Saúde realizou essa semana em Brasília (DF), entre os dias 24 e 26 de janeiro, o seminário “Hanseníase no Brasil: da evidência a prática”. A SBMFC esteve presente, representada pelo seu diretor do Departamento de Publicação Leonardo Savassi.
O evento é uma das inciativas realizadas no país para marcar o Janeiro Roxo, mês pensado para conscientizar a sociedade sobre o combate à hanseníase e manter vivo o alerta: esta doença tem cura!
Com uma abordagem densa sobre a hanseníase, o seminário apresentou e discutiu as diretrizes do novo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT); os novos testes rápidos; as pesquisas relacionadas a vacinas e à resistência dos bacilos aos antibióticos; a utilização do ultrassom para avaliação de nervos; entre outras questões.
Apesar de todos esses avanços e 3 mil anos após ser descrita em documentos médicos mais antigos, Leonardo Savassi salienta que a hanseníase continua desafiando a ciência e os sistemas de saúde por apresentar diferentes formas, complicações e reações. No Brasil a situação é bem grave: segundo o Ministério da Saúde, o país é responsável por cerca de 90% dos casos novos diagnosticados nas Américas e o segundo a diagnosticar mais casos no mundo. Diante desse cenário, as médicas e os médicos de família e comunidade (MFCs) são centrais nessa batalha.
“O diagnóstico da doença ainda é eminentemente clínico e há muitas ações que a APS tem que fazer, como capacitação, lógica de suspeição para uma detecção precoce, educação em saúde e lidar com o componente cultural discriminatório que ela carrega. Por tudo isso, nós MFCs continuamos a ser a linha de frente e a melhor estratégia para enfrentar a hanseníase”, disse Savassi.
Durante o seminário, a SBMFC colocou o seu congresso nacional (17º CBMFC), a sua revista científica (RBMFC) e sua agenda de webnarios (SBMFCensina) à disposição para receber e fomentar a agenda de enfrentamento à hanseníase.
Outros destaques
Um dos principais destaques do evento foi o anúncio da distribuição pelo SUS, a partir de fevereiro, de 150 mil testes rápidos para o apoio ao diagnóstico da hanseníase. O material será destinado às pessoas que tiveram contato próximo e prolongado com casos confirmados da doença e serão de dois tipos: o teste rápido (sorológico) e o teste de biologia molecular (qPCR). Uma terceira modalidade, de biologia molecular (PCR), também será ofertada pelo SUS e vai auxiliar na detecção da resistência a antimicrobianos. De acordo com a ministra da Saúde Nísia Trindade, a entrega dos testes coloca o Brasil como primeiro país no mundo a ofertar insumos para a detecção da doença na rede pública.
Outra novidade apresentada em Brasília foi a versão Beta do AppHans, aplicativo que apoiará os profissionais de saúde no diagnóstico, tratamento, prevenção de incapacidade física e reações hansênicas. Os participantes puderam apresentar sugestões para a consolidação da ferramenta, antes da versão final ser disponibilizada para o usuário.
No seminário também foi lançado o Painel Interativo de Indicadores – Hanseníase no Brasil, com acesso a dados da infecção, com base no levantamento do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que pode ser acessado aqui.
O Ministério da Saúde ainda divulgou o e-book “Experiência Exitosas em Hanseníase”, dando visibilidade e reconhecimento profissional a 10 ações bem-sucedidas do SUS.
Por fim, o seminário se encerrou com a apresentação da Estratégia Nacional para Enfrentamento à Hanseníase 2023-2030. Entre as metas estipuladas para o período estão a redução em 55% da taxa de casos novos de hanseníase em menores de 15 anos; redução em 30% do número absoluto de casos novos com grau de incapacidade física 2 (GIF2); e dar providência a 100% das manifestações sobre práticas discriminatórias em hanseníase registradas nas Ouvidorias do SUS.
A estratégia pretende que os 75,03% dos municípios do país com casos notificados no período de 2015 e 2019 intensifiquem as ações de enfrentamento e que os 24,97% restantes aprimorem a vigilância em saúde e a prevenção de incapacidades físicas decorrentes da hanseníase.