31 de outubro de 2025

Oficina sobre o reconhecimento dos impactos da branquitude nas práticas de saúde é aplicada por MFCS


No último dia 25, foi realizada a atividade “Estudos Críticos da Branquitude na Atenção Primária à Saúde”, conduzida pelos médicos(as) de família e comunidade Ana Carolina Xavier, André Ruiz, Daiane Cordeiro, Gabriella Magalhães e Natalia Dantas, membros da Sociedade e atuantes nos Grupos de Trabalho, com foco em estimular a reflexão sobre os efeitos da branquitude nas práticas de cuidado e na formação em saúde, problematizando como a normatividade e os privilégios associados à branquitude moldam nossas relações, processos de trabalho e cuidado.. 

A oficina que contou com atividade prática de discussão, entre 8h30 e 11h30, teve como pontos centrais: Estimular a crítica em relação aos efeitos da branquitude e dos vieses implícitos no cuidado em saúde; Sensibilizar sobre o tema da branquitude e racialização do sujeito branco; Conceituar e listar principais impactos da branquitude no dia a dia e Incentivar atitudes anti racistas. Mais de 30 convidados(as) participaram, entre eles, coordenadores(as) dos Grupos de Trabalho, membros do conselho diretor, além da diretoria. 

O grupo condutor da atividade explica que a invisibilidade da raça/cor na formação e na atuação profissional em saúde, assim como a branquitude enquanto eixo estruturante das relações raciais na Atenção Primária à Saúde (APS), são questões urgentes a serem discutidas. O privilégio e a normatividade invisível da perspectiva branca moldam a forma como o cuidado e a pesquisa em saúde são concebidos, produzindo iniquidades raciais que se expressam em desvantagens sociais e em piores indicadores de saúde para a população negra. “É fundamental reconhecer como a branquitude sustenta as relações de poder no cuidado em saúde, em uma reprodução cotidiana de hierarquias raciais e sociais que influenciam a escuta, o acolhimento, o diagnóstico e o acesso a direitos”. 

E ainda complementam que o letramento racial nos espaços de saúde surge como uma estratégia essencial para romper com o pacto da branquitude, esse acordo tácito que mantém privilégios, silencia o racismo institucional e impede o avanço de práticas verdadeiramente equitativas. “Promover o letramento racial é fomentar a consciência crítica sobre como o racismo opera nas relações profissionais e no cuidado, criando caminhos para ações mais eficazes e comprometidas com a luta antirracista. Não há racismo sem branquitude. E é apenas reconhecendo e enfrentando a centralidade desse lugar de poder que será possível transformar o discurso antirracista em prática cotidiana no SUS e nos espaços de formação em saúde.”

Essa foi uma atividade da diretoria da SBMFC faz parte de um processo implementado para melhor combate ao racismo, misoginia, prevenindo atos e ações relatadas não apenas em eventos institucionais, mas também na prática clínica diária e está dentro do escopo do Comitê de Equidade que está em formação. 

Referências utilizadas na oficina para estudo e aprofundamento da temática: 

BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Cia. das Letras, 2022

PIZA, E. Porta de vidro: entrada para a branquitude. In Psicologia Social do Racismo: Estudos sobre Branquitude e Branqueamento no Brasil. 6 ed, Petrópolis, Vozes, 2014

HERINGER, Carolina Magalhães; BAPTISTA, Tatiana Wargas de Faria. Rompendo o silêncio branco: não basta ser antirracista, é preciso agir. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 10, 2024

IBIRAPITANGA; SCHUCMAN, Lia Vainer (Orgs.). Branquitude: diálogos sobre racismo e antirracismo. São Paulo: Fósforo, 2023

IPEC – Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica. Percepções sobre o racismo no Brasil. jan/2024.

SAAD, Layla F. Eu e a supremacia branca: como reconhecer seu privilégio, combater o racismo e mudar o mundo. 1. ed. Rio de Janeiro: Rocco, 2020.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. Imagens da branquitude: a presença da ausência. . São Paulo: Companhia das Letras. 2024

RIOS, Flávia; SANTOS, Marcio André dos; RATTS, Alex (org.). Dicionário das relações étnico-raciais contemporâneas. São Paulo: Perspectiva, 2023.

BRASIL. Guia de implementação do quesito Raça/Cor/Etnia. Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_implementacao_raca_cor_etnia.pdf

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Trad. de Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu Editora, 2020.

GONÇALVES, M. M. Raça, racismo e saúde: entendendo velhos conceitos, construindo um novo mundo. In: LIMA, M., COUTINHO, D., BUSTAMANTE, V., AIRES, S., and PATIÑO, R., eds. Pensar junto/fazer com: saúde mental na pandemia de covid-19 [online]. Salvador: EDUFBA, 2021, pp. 375-403. ISBN: 978- 65-5630-521-9.