Em 5 de dezembro é celebrado o Dia do(a) Médico(a) de Família e Comunidade, profissional que acompanha pessoas em todas as fases da vida e entende que saúde não depende apenas de diagnósticos, mas também de vínculos, histórias, famílias e territórios
Na Medicina de Família e Comunidade (MFC), o foco está na pessoa e não apenas na doença. É uma especialidade que une ciência, escuta e contexto. Durante a consulta, o(a) médico(a) de família e comunidade considera fatores que vão do histórico familiar às experiências de vida, das relações afetivas aos costumes da comunidade. A escuta ativa, o acolhimento e o Método Clínico Centrado na Pessoa orientam essa abordagem, permitindo identificar como sentimentos, vivências e dinâmicas familiares influenciam sintomas que, muitas vezes, surgem muito antes de aparecerem no corpo.
O território também é parte do cuidado. Onde a pessoa mora e trabalha diz muito sobre sua saúde. Em regiões marcadas por violência armada, por exemplo, não é raro encontrar pacientes com ansiedade intensa, distúrbios do sono ou sinais de estresse pós-traumático. Já em áreas rurais, ribeirinhas, quilombolas ou indígenas, as questões de saúde se misturam com saberes tradicionais, desafios de acesso e condições ambientais específicas. O papel do médico(a) de família e comunidade é reconhecer esses cenários e, junto com a comunidade, construir soluções possíveis.
“O nome da especialidade já traz o nosso compromisso: cuidar da pessoa, da família e da comunidade. Quando conhecemos o território a fundo, seus problemas sociais e econômicos, potencialidades, clima e até cultura, entendemos melhor o que afeta a saúde e como podemos agir”, explica Fabiano Guimarães, presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.
A prática do(a) MFC vai muito além das paredes de um consultório. Nas cidades mais distantes, esse profissional atende em salas de aula, igrejas, postos improvisados e até debaixo de árvores, quando necessário. Embora equipamentos médicos sejam importantes, a principal ferramenta continua sendo a escuta e o acolhimento, que captam não apenas o que o paciente diz, mas também o que sua rotina, seu silêncio e seu contexto revelam.
Presentes nas Unidades Básicas de Saúde, na saúde suplementar e em consultórios particulares, os médicos(as) de família e comunidade atuam tanto em grandes centros quanto em regiões remotas. São também responsáveis por estudar a saúde de populações específicas, como pessoas negras, indígenas, quilombolas, LGBTQIA+, população em situação de rua, pessoas privadas de liberdade, imigrantes e muitos outros grupos que demandam um cuidado mais sensível e contextualizado.
“Celebrar o 5 de dezembro é reconhecer o trabalho dos mais de 13 mil especialistas representados pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. É importante reforçar que a Atenção Primária à Saúde, porta de entrada do SUS, nosso sistema de saúde, depende do olhar amplo, humano e contínuo que essa especialidade oferece”, comenta Fabiano.
Mais do que tratar doenças, a Medicina de Família e Comunidade constrói histórias, vínculos e caminhos de cuidado que acompanham cada pessoa ao longo da vida. É medicina feita com ciência, território e afeto. Para se tornar um médico(a) de família e comunidade, é necessário, após a graduação em Medicina, cursar a residência médica em Medicina de Família e Comunidade, oferecida por diversos programas no país, ou obter o título de Especialista, a partir da realização da prova de título oferecida pela SBMFC, após comprovação dos requisitos indicados via edital.
Sobre a SBMFC
A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) é a entidade nacional científica que congrega médicas e médicos que atuam em unidades de atenção primária em saúde e outros serviços de saúde, incluindo os da Estratégia de Saúde da Família (ESF), prestando atendimento médico geral, integral e de qualidade a indivíduos, famílias e comunidades. Inclui também professores, preceptores, pesquisadores e outros profissionais que atuam ou estão interessados nesta área. É filiada à Associação Médica Brasileira (AMB) e à Organização Mundial de Medicina de Família (Wonca).








