Hesitação vacinal: indecisão sobre vacinas devido a possíveis reações implica nas proteções individual e coletiva

16 de outubro de 2024

SBMFC e ABEFACO alertam sobre a importância de conhecer os sintomas pós-vacina e como amenizá-los, além de reforçar que a imunização é a principal forma de prevenção contra doenças graves no Brasil

Neste Dia da Vacinação, datado em 17 de outubro, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) e Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (ABEFACO) explicam sobre a hesitação vacinal – quando as pessoas ficam indecisas sobre tomar a vacina, mesmo sabendo que a imunização protege contra doenças. Esse efeito geralmente acontece quando a pessoa, ainda que tenha consciência sobre os benefícios da vacina, deixa de tomá-la por possíveis reações.

Com a explosão da Covid-19 e as fake news sobre as vacinas, houve uma onda de  conteúdos contra a imunização, provocando quedas na adesão. Entretanto, nos últimos anos, esse quadro está em reversão. De acordo com o Ministério da Saúde, entre 2022 e 2023, houve aumento de imunização contra hepatite A (73% para 79,5%), poliomielite (de 67,1% para 74,6%), febre amarela para menores de um ano de idade (passou de 60,6% para  67,3%), entre outras.

“A retomada de vacinação para chegarmos à taxa anterior à pandemia ou até mesmo ultrapassá-la é uma questão que precisa ser tratada como prioridade. O Brasil é um dos poucos países do mundo que oferta vacinas gratuitas para proteção não só individual como coletiva. Algumas doenças foram 100% erradicadas, como a poliomielite, devido às campanhas intensas de vacinação que levaram pais e responsáveis a vacinarem as crianças”, explica a médica de família e comunidade Brenda Costa, diretora de comunicação da SBMFC.

É importante ressaltar que hesitação vacinal e negacionismo não são a mesma coisa, apesar de causarem o mesmo efeito – a não adesão à vacina. Antigamente, sem a popularização da internet, a divulgação de notícias falsas não circulava em massas populacionais. Atualmente, a pulverização das fake news, inibe a proteção, criando efeitos e informações que não são reais, e que resultam em medo, agravando o quadro de saúde de todos que têm contato com a pessoa não vacinada, além dela própria, independentemente da idade.

“Hesitação vacinal é quando uma pessoa tem dúvidas, preocupações ou incertezas sobre tomar uma vacina, mesmo que ela esteja disponível e seja recomendada. Essa hesitação pode ser causada por vários fatores, como medo de efeitos colaterais, desconfiança em relação à segurança da vacina, falta de informações claras, dentre outros. Embora seja normal ter perguntas sobre vacinas, a hesitação vacinal pode ser perigosa, porque se muitas pessoas deixam de se vacinar, doenças que poderiam ser prevenidas podem voltar a se espalhar. As vacinas são uma das formas mais seguras e eficazes de proteger a saúde de todos, tanto individual quanto coletivamente”, detalha a enfermeira Mércia Reis, membro do Grupo de Trabalho de Imunização, Departamento de Educação Permanente da Abefaco.

Para reverter o quadro de hesitação vacinal, se informar com fontes confiáveis é a principal orientação. O primeiro passo é ir até a unidade de saúde mais próxima da residência com a carteira de vacinação e pedir apoio aos profissionais de saúde sobre possíveis reações de cada vacina que ainda falta para complementar a imunização, de acordo com a idade e ainda, como amenizar essas possíveis reações.

“Nem todas as vacinas causam reações e nem todas as pessoas estão suscetíveis a tê-las, depende do organismo e cada um pode ter uma experiência individual. O que não é aconselhado é deixar de se vacinar por ter sintomas leves por um curto período e ficar desprotegido contra doenças graves que podem causar até sequelas, além de contaminação coletiva causada por vírus”, reforça Brenda.

Sobre a Medicina de Família e Comunidade

A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O médico/a de família e comunidade (MFC) é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias.

O MFC é um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 8.100 médicos com título de especialista em Medicina de Família e Comunidade.

Sobre a SBMFC

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade é a entidade nacional que congrega médicas e médicos que atuam em unidades de atenção primária em saúde e outros serviços de saúde, incluindo os da Estratégia de Saúde da Família (ESF), prestando atendimento médico geral, integral e de qualidade a indivíduos, famílias e comunidades. Inclui também professores, preceptores, gestores, pesquisadores e outros profissionais que atuam ou estão interessados nesta área.

A SBMFC congrega tanto médicos especialistas em Medicina de Família e Comunidade (cujo nome oficial da especialidade e de seus Programas de Residência foi Medicina Geral Comunitária até abril de 2002), quanto outros médicos, residentes e estudantes de medicina interessados nesta área.

Fundada em 1981, em seus 40 anos de existência a SBMFC já promoveu diversos eventos nacionais e internacionais e hoje conta com mais de 10 mil associados de todo o país.

Sobre a Enfermagem de Família e Comunidade:

A Enfermagem de Família e Comunidade (EFC) é uma jovem especialidade, reconhecida e registrada pelo Conselho Federal de Enfermagem (COFEN Nº 570/2018). É a formação ideal para a Estratégia Saúde da Família, modelo preferencial de Atenção Primária à Saúde no Brasil. A formação por essa especialidade se dá preferencialmente pela modalidade Residência. Profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde há mais de 3 anos, podem realizar a prova de titulação de Enfermagem de Família e Comunidade, emitida pela associação representante da especialidade. A EFC é representada nacionalmente pela Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (ABEFACO), fundada em setembro de 2015 para representar a Enfermagem atuante na APS brasileira, até então sem representação específica.

Sobre a ABEFACO:

A Associação Brasileira de Enfermagem de Família e Comunidade (ABEFACO) ongrega cerca 400 profissionais associados entre Enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem na área de Atenção Primária à Saúde. Tem por objetivo e finalidade atuação científica e social, a partir da captação de recursos junto a pessoas físicas e jurídicas, nacionais e internacionais, para financiamento de projetos e/ou programas próprios ou de outras entidades com objetivos semelhantes e afins. A ABEFACO possui desde 2023 um Grupo de Trabalho de Imunização (GT de Imunização), onde profissionais da APS com este interesse especial discutem sobre o processo de Imunização, buscam as notas técnicas mais recentes do Ministério da Saúde, participam de projetos referentes ao dimensionamento da força de trabalho para o processo de imunização, além de planejarem atividades para eventos, incluindo oficinas e cursos de atualização. Este ano a associação sediará no Rio de Janeiro, de 14 a 16 de novembro, o 1º Congresso Brasileiro de Enfermagem de Família e Comunidade, ofertando cursos, oficinas e mesas redondas com esta temática.