Como amenizar e se proteger de sintomas respiratórios provocados pelas queimadas e tempo seco

26 de setembro de 2024

Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade orienta sobre como população pode evitar problemas de saúde causado pelo excesso de fumaça e temperaturas extremas causas pelas frequentes ondas de calor

Com o início da primavera as altas temperaturas e o clima devem ser mais frequentes, de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). A grande incidência de queimadas é um forte agravante a esse quadro, provocando sintomas respiratórios graves em pessoas de todas as idades, principalmente crianças, idosos, pessoas com histórico de problemas pulmonares e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Para se proteger e amenizar os problemas ocasionados por essas mudanças climáticas, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) orienta a população com dicas simples e práticas.

“Nos últimos dias temos observado em diversas cidades do país, a presença de muita fumaça no ar que respiramos. É importante entender que essa fumaça pode trazer prejuízos importantes para a nossa saúde, tanto agudos quanto crônicos. A fumaça contém uma variedade de poluentes tóxicos. Quando inalados, estes compostos podem causar sérios malefícios à saúde humana. A fumaça pode irritar as vias respiratórias, provocando tosse, dificuldade para respirar e agravamento de condições como asma e bronquite. Além disso, a exposição prolongada pode levar a doenças pulmonares crônicas e aumentar o risco de infecções respiratórias”, explica Fabiano Guimarães, médico de família e comunidade, presidente da SBMFC.

Guimarães reforça que os efeitos não se restringem apenas ao sistema respiratório; a fumaça também pode afetar o sistema cardiovascular, elevando a pressão arterial e aumentando o risco de problemas cardíacos. Em crianças, idosos e pessoas com condições de saúde pré-existentes, os impactos podem ser ainda mais severos.

Sobre os prejuízos crônicos, a inalação dessas substâncias chega a equivaler ao tabagismo passivo: é como se a convivência diária com a fumaça representasse a fumaça de uma pessoa tabagista perto de nós, com todos os problemas que essa fumaça traz para a saúde.

É muito importante que preservemos a nossa saúde e alguns cuidados básicos podem aliviar os sintomas, como:

  • Beber água em grande quantidade ao longo do dia;

  • Fazer lavagem da cavidade nasal, utilizando o soro fisiológico;

  • Não realizar atividades físicas em horários de maior calor;

  • Ter uma boa alimentação;

  • Permaneça em locais ventilados e se puder umedeça o ar com umidificadores, bacias com água e toalhas molhadas nos ambientes, principalmente, no período da noite. Nos períodos de elevada concentração de fumaça, deixa o ambiente fechado para evitar acúmulo de partículas.

  • Ao entrar em uma área que esteja dominada pela fumaça, proteja o contato direto com os olhos e, se possível, utilize máscaras para evitar a inalação direta.

Em casos de sintomas graves, procure o serviço médico mais próximo para orientação e avaliação.

“Outro ponto relevante é cuidar não apenas da nossa saúde, mas também da saúde do planeta, evitando queimadas para que consigamos melhorar a qualidade do ar e com isso a saúde de toda a população”, finaliza Guimarães.

Sobre a Medicina de Família e Comunidade

A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O médico/a de família e comunidade (MFC) é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias.

O MFC é um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 8.100 médicos com título de especialista em Medicina de Família e Comunidade.

Sobre a SBMFC

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade é a entidade nacional que congrega médicas e médicos que atuam em unidades de atenção primária em saúde e outros serviços de saúde, incluindo os da Estratégia de Saúde da Família (ESF), prestando atendimento médico geral, integral e de qualidade a indivíduos, famílias e comunidades. Inclui também professores, preceptores, gestores, pesquisadores e outros profissionais que atuam ou estão interessados nesta área.

A SBMFC congrega tanto médicos especialistas em Medicina de Família e Comunidade (cujo nome oficial da especialidade e de seus Programas de Residência foi Medicina Geral Comunitária até abril de 2002), quanto outros médicos, residentes e estudantes de medicina interessados nesta área.

Fundada em 1981, em seus 40 anos de existência a SBMFC já promoveu diversos eventos nacionais e internacionais e hoje conta com mais de 10 mil associados de todo o país.