O I Congresso Capixaba de Medicina de Família e Comunidade, organizado pela ACMFC e apoiado pela SBMFC, foi realizado entre os dias 1, 2 e 3 de junho, na cidade de Vitória. Mais de 200 profissionais que atuam na APS com interesse em novos conceitos científicos e atualização clínica participaram para usufruir das aulas de 41 palestrantes e 44 trabalhos apresentados.
“Entre os destaques podemos pontuar o resgate dos 40 anos de história da Medicina Geral e Comunitária e Medicina de Família e Comunidade no Espírito Santo; I Fórum da Câmara Técnica em MFC; III Encontro de Ligas Acadêmicas de MFC e Saúde Coletiva do ES; III Encontro de Residentes em MFC do ES, destacando que os seis programas estiveram representados (Município de Cariacica; EMESCAM; UFES; UNESC; UNIMED-Vitória e UVV); Oficina do Método Multiplica, Telessaúde Espírito Santo, temas de Educação, formação e qualificação profissional”, informa Marcello Dalla, um dos organizadores do evento e presidente da ACMFC.
Quando questionado sobre como está a MFC no Estado, Dalla argumenta que o Espírito Santo tinha uma residência em Medicina Geral e Comunitária que funcionou até o início da década de 1990, a especialidade evoluiu para Medicina de Família e Comunidade e foram quase 20 anos sem um residente formado em terras Capixabas. “No Congresso foi possível resgatar esta história e ter um olhar mais otimista com o futuro, pois os seis programas já contemplam 16% do total de vagas aprovadas (somando-se todos os RS) em Residência Médica no Espírito Santo, segundo a SISCNRM, o que representa a especialidade com mais vagas aprovadas no Estado. Ao todo são 64 MFCs com registro no CRM-ES, seria a 27º especialidade em número de registrados no Estado”, explica. E a Atenção Primária tem cobertura da ESF em torno de 70%, em todos os 78 municípios do ES, 28 NASFS implantados em 21 Municípios do Estado, segundo o Ministério da Saúde, Departamento de Atenção Básica e IBGE.
Daniel, Knupp, secretário geral da SBMFC, que esteve presente no evento explica que o Espírito Santo vive um momento muito bom para a MFC. “Apesar de ser uma das associações estaduais mais jovens que temos, o número de MFC, de programas de residência e de experiências de inserção da especialidade na graduação crescem exponencialmente. A realização do seu primeiro congresso estadual é um reflexo desse momento. Não é uma surpresa. O evento foi realizado de forma austera, dentro das possibilidades da ACMFC. Basicamente contando apenas com o esforço dos membros da diretoria e de outros colegas que colaboraram. Nem por isso deixou de ser um evento muito rico em conteúdo. Certamente um bom exemplo para todos nós de como um grupo de MFC motivados podem mudar o panorama local nos serviços de saúde e no campo científico”, ressalta.
E anote na agenda: ainda para este ano estão previstos eventos curtos no segundo semestre, como o III MFC na Sexta, I Jornada de Inverno, I Jornada de Verão e II Congresso Sul Capixaba de MFC, além de eventos das Ligas e de Residentes e para 2018, há propostas em estudos para candidatura de realizar no Espírito Santo, o Congresso Regional Sudeste e o Brasileiro de MFC.
"Alguns temas foram destaque no congresso, mobilizando e instigando os congressistas a pensarem a atual realidade da APS no Espírito Santo, bem como estratégias e inovações para a melhoria da qualidade dos serviços prestados à população. Um destes temas é o acesso, algo que vem sendo discutido com muita ênfase pela MFC em todos os seus congressos”, explica Thiago Sarti, que atuou na organização do congresso e é diretor da graduação da Associação.
O acesso foi abordado com mais profundidade em duas mesas-redondas, nas quais puderam ser discutidas formas de organização de agenda, inserção mais ativa da enfermagem no cuidado clínico individual, integração do trabalho médico e de enfermagem no serviço e as mudanças necessárias na racionalidade do excesso de intervenção em determinados grupos sociais, como aquele composto por hipertensos e diabéticos. O interesse pelo tema é um prenuncio da importância do Congresso Brasileiro de Curitiba, que terá como tema o acesso. Sarti ainda comenta que em outros momentos, também se discutiu as potencialidades e limites da atual política de planificação da APS capitaneada pela Secretaria de Estado da Saúde, das políticas de provimento médico para a APS e a das reformas pelas quais passa o ensino médico no país e seu impacto na MFC. Enfim, como primeiro congresso no estado, o evento trouxe o debate dos principais temas que atravessam a MFC atualmente, dando continuidade aos diversos seminários e jornadas já realizadas no ES pela ACMFC.