A gordofobia é um problema de saúde pública, de acordo com artigo publicado na Nature Medicine, ao provocar impactos na saúde física e psicológica individual e na construção de políticas públicas, acesso a tratamentos, quantidade e financiamento de pesquisas.
É importante a orientação aos profissionais da APS no acolhimento de pessoas gordas, para um melhor acesso em saúde.
Com a curadoria de Luísa Chaves, médica de família e comunidade, membro da diretoria da Associação Mineira de Medicina de Família e Comunidade, que abordou a temática em atividades no 18 CBMFC, em Manaus, a SBMFC orienta sobre o cuidado de pessoas gordas, indicando práticas adequadas na conduta na APS.
Você, como MFC, já parou para refletir sobre a sua prática diária de atendimento às pessoas de diferentes tamanhos?
Em uma contexto onde o padrão de beleza foi associado ao corpos magros, reforçado pelas redes sociais como sinônimos de saúde, como acolher as expectativas e demandas de saúde das pessoas gordas que chegam no seu consultório?
As pessoas buscam o serviço de saúde para receber acolhimento, portanto é fundamental que não sejam espaços de preconceito, humilhação e desumanização.
Quando falamos de saúde, é preciso olhar para hábitos, relações, acesso a cuidados, qualidade de vida e até meio ambiente. O peso não deve ser o ponto focal para as ações de cuidado!
A crença de que o IMC reflete um conjunto de práticas de saúde ou caráter moral das pessoas é estigmatizante. Todas as pessoas precisam de acesso a cuidados de saúde acolhedores e integrais.
Dicas de Especialista em Gente:
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Aborde e pergunte se você pode conversar sobre o peso naquele momento
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Se houver consentimento, identifique a necessidade e prontidão para mudanças, em conjunto;
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Avalie os riscos relacionados ao peso e as causas raízes, lembrando que é uma questão multifatorial
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Aconselhe sobre a saúde e, se for o caso, opções de tratamento.
 
Atente-se ao seu vocabulário:
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Algumas palavras são patologizantes ou podem reforçar estereótipos, como “obeso”, “acima do peso”, “gordice”, “mentalidade de gordo” e “peso normal”.
 
Para um atendimento humanizado
Centralidade na pessoa e Decisão compartilhada são fundamentais para uma relação médico-paciente efetiva, resultando em uma melhor adequação à saúde de todas as pessoas
Ter um espaço físico adequado também faz parte das boas práticas e isso inclui:
- Catraca;
 - Porta;
 - Cadeira;
 - Maca;
 - Balança;
 - Esfigmomanômetro;
 - Fita métrica;
 - Maquinário;
 - Roupa / Avental;
 - Espéculo vaginal;
 
Referências:
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