Presidente da Sociedade Brasileira de Medicina da Família, Zeliete Linhares Leite Zambon, destaca o papel das médicas e médicos especialistas, aponta maior reconhecimento e outras conquistas para a saúde desde janeiro de 2023 e comenta questões que necessitam de agilidade na implementação
Em 19 de maio, destaca-se globalmente o Dia Mundial da Médica e do Médico de Família e Comunidade. Desde a sua criação pela World Organization of Family Doctors (WONCA) em 2010, a data é uma oportunidade para reflexão sobre o papel vital desses profissionais e da atenção primária nos sistemas de saúde de todo o planeta.
Membro da WONCA, a Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade (SBMFC) apoia a campanha mundial. O tema de 2023 é “Médicos e médicas de família: o coração dos cuidados em saúde”.
A iniciativa é alicerçada em quatro pilares: Continuidade do Cuidado, indicando como a especialidade presta assistência abrangente em todas as fases da vida dos cidadãos; Cuidado Centrado no Paciente, pontuando a compreensão de construir relacionamentos sólidos com os pacientes, garantindo que suas vozes sejam ouvidas e suas necessidades atendidas; Cuidado Integrado, marcando a relevância de participar do processo de cordenação das equipes e de construir bases para o trabalho colaborativo a favor do bem-estar dos pacientes; e Engajamento Comunitário; ressaltando a essencialidade de atuar dia a dia ao lado de seus pacientes com vistas a diminuir as barreiras de acesso a uma saúde de qualidade.
Reconhecimento
A presidente da SBMFC, Zeliete Zambon, afirma que a médica e o médico de família e comunidade (MFCs) de fato fazem a diferença na assistência aos brasileiros. Ela compreende que a especialidade atravessa momento de maior reconhecimento por parte do Governo Federal, o que abre perpespectivas interessantes em termos de valorização e possibilidades de uma atuação mais abrangente e resolutiva para a atenção primária.
“Desde o início da atual gestão, a SBMFC tem sido chamada a se posicionar nas demandas de estratégia de saúde da família e em outros debates primordiais. Estamos periodicamente em Brasília discutindo e opinando sobre o resgate das estruturas do sistema de saúde e a respeito de como melhorar a entrega para a sociedade brasileira. Isso reforça um olhar diferenciado para a especialidade, para nossas médicas e médicos. O próprio programa Mais Médicos possui boa parte de seu fundamento na MFC”.
Pacientes
Zeliete lembra que as médicas e médicos da família têm ligação umbilical com gente; são necessários e indispensáveis para a saúde das pessoas. Ser reconhecido por isso, detalha ela, é mais um motivo para que o Dia Mundial seja comemorado intensamente.
Ações de governo
Olhando a saúde do Brasil do ponto de vista macro, a presidente da SBMFC menciona pontos que, em sua opinião, avançaram bastante de janeiro até agora:
“Houve intervenção ágil e competente para evitar o caos. Viviamos uma fase de desmonte geral da saúde. O atual governo foi eficaz e retomou a política de vacinação. Estamos imunizando contra a Covid, o Influenza e por aí segue. Voltou o Zé Gotinha, há campanhas publicitárias e trabalha-se forte para ampliar os níveis de cobertura vacinal. Também mudou radicalmente – para melhor – a política de saúde para as comunidades indígenas. Na relação com as mulheres, vemos respeito pelas decisões delas quanto a seus corpos, etc. Destaco, de novo, o reconhecimento e espaço para a atenção primária. Quando existem acertos, reconhecemos e ficamos mais esperançosos”.
Pontos de atenção
Naturalmente, há ainda uma série de quesitos que necessitam de atenção, mudanças e avanços. Zeliete espera que a integração entre os ministérios da Saúde e Educação seja aprofundada para fomentar a residência médica em MFC. Cita que as vagas de RM aumentaram em anos recentes e simultaneamente os níveis de ociosidade caíram pra menos da metade, o que aponta o maior interesse dos graduandos e medicos.
“Agora em 15 de junho, se encerra o cadastramento para novos programas de residência médica; então, precisamos de velocidade nos processos. É uma premissa de estruturação. É mister estruturar a atenção primária, a parte de ambiência, para a ampliação de acesso à atenção primária. Devemos entender bem os gargalos para que se possa também resolver a atenção especializada e a reestruturação hospitalar”.
Por fim, a presidente da SBMFC convida médicas e médicos a fazerem parte da campanha mundial em prol da integração e do fortalecimento da nossa especialidade.
“Está disponível, no site do WFDD, uma moldura em apoio ao Dia Mundial de MFC que pode ser aplicada à sua foto, além de logotipos e banners. Participe! Compartilhe nas redes sociais, use a hashtag #wfdd2023 e marque a SBMFC (@sbmfc)”.