17º CBMFC: uma festa que termina e recomeça em festa

23 de setembro de 2023

Foto: Henrique Cardozo

Foi uma grande festa a cerimônia de encerramento do 17º Congresso de Medicina de Família e Comunidade (CBMFC), que ocupou o Centro de Eventos do Ceará de 20 de setembro até hoje, sábado, 23. Houve atrações culturais belíssimas entremeadas aos agradecimentos da SBMFC a todos que contribuíram para o sucesso da programação científica e artística.

Coerentemente, o fechamento teve as marcas dominantes de todo o Congresso: a diversidade, o respeito, a conexão entre as pessoas, abraços e o compromisso com a qualidade da assistência.

Abrindo a cerimônia, ocorreu uma apresentação de dramaturgia original inspirada em textos enviados por médicas e médicos da família e comunidade durante a Mostra Artística Cultura Cura. O ator, maravilhoso!!!, era ninguém menos do que Ricardo Guilherme, um dos criadores do Curso Superior de Artes Cênicas da Universidade Federal do Ceará. Realmente um espetáculo de arrepiar.

Foto: Henrique Cardozo 

Também foi emocionante ver a homenagem à querida Verinha Dantas e ter no palco a médica de família e comunidade Andreia Beatriz (personagem real do filme Quando falta o ar) declamando o poema de sua autoria, MFC de verdade (baixe aqui).

Na sequência, o presidente do congresso, Roberto Bob Maranhão; o presidente de honra do 17º  CBMFC, vice-presidente da SBMFC, Marco Túlio Aguiar; Leonardo Savassi, da Comissão Científica, e a presidente da SBMFC, Zeliete Zambon.

Eles se emocionaram-se, apresentaram frutos semeados antes, durante e para depois do evento. Registraram em nome da diretoria gratidão a todos os que fizeram da 17ª edição, em Fortaleza, um sucesso.

“Obrigado a cada um dos que nos ajudaram a sair daqui de Fortaleza maiores e melhores como pessoas e como médicas, como médicos de família e comunidade. Isso é saldo de um trabalho de dois anos, durante os quais a equipe se envolveu arduamente para que as vertentes do Congresso fossem especiais e qualificadas, tanto na ciência quanto na arte. Nos sentimos acolhidos. Estivemos juntos com vocês. E vocês conosco. De fato, restaram muitos ganhos, muitos abraços, novidades e muito amor”, disse Zeliete em seus agradecimentos. “Somos já 11 mil especialistas e queremos que a MFC coordene todo o processo de resgate da saúde.”

Foto: Henrique Cardozo

Outro destaque foi o lançamento da Revista Cura Cultura, produzida por integrantes do Projeto Nariz – da Liga Universitária de Palhaçoterapia e Humanização da Unifor, por estudantes da Escola de Cultura e Artes do Centro Cultural Bom Jardim — com  design e projeto gráfico de Jéssica Gomes e Alan Alves Ramos.

Ocorreram ainda as tradicionais premiações da SBMFC de posterês e trabalhos, cujos vencedores foram anunciados por Marco Túlio Aguiar e por Leonardo Savassi.

Foto: Henrique Cardozo

Conheça a lista de trabalhos premiados.

Já na reta final da solenidade, o diretor de Medicina Rural da SBMFC, Leandro Araújo, leu a Carta de Fortaleza: Veja a seguir.

 
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Carta de Fortaleza

17° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade

À sociedade brasileira,

Sobre os olhos do mar, das mãos que abraçam e aperreiam, desde a América do Sul nós cantamos a medicina de família e comunidade exatamente no início da primavera de 2023.

Abraçamos o respiro da democracia, da ciência e da saúde em um momento tão diverso que nos cobra estarmos unidos em um projeto de saúde que efetive a Atenção Primária e o Sistema Único de Saúde, patrimônio do povo brasileiro!

Nesse projeto de emancipação diverso, acolhedor, democrático que caibam todes, todas e todos, reafirmamos a saúde como direito universal, integral, equânime e fundamental e que nossos suores cotidianos efetive esse projeto interrompido por visões obtusas, mercantis e corporativistas, construindo caminhos e passos para uma sociedade justa, igualitária e plural.

A Atenção Primária em Saúde (APS) retoma a agenda de país e merece de nós redobrados esforços para o acesso universal, ampliando a capacidade de cobertura sem retroceder nos desafios de resolutividade e compromisso social que essa especialidade médica tem em território brasileiro.

Aprofundar os conhecimentos nas ciências socialmente referenciadas, combater os negacionismo científicos, com suas diversas faces, da hesitação vacinal aos que se mascaram de tecnicismo sem olhar atento das bioéticas. Compreender a terra e o território, auscultando a pessoa nos seus contextos, ouvir a terra, sentir o vento e somar na construção de um projeto emancipatório que tem vários nomes, um deles é o SUS.

Nossos desafios seguramente são do tamanho dos nossos sonhos, que se materializam em uma APS resolutiva, atenta e criativa, que na sua dinâmica local seja sempre produtora de processos de resistência à doença, as violências e ao sofrimento humano, daquilo que nós compreendemos como saúde, como a maior soma de sorrisos e abraços que possamos viver cotidianamente.

Nos comprometemos com a Saúde planetária e o Bem Viver, no cuidado das populações vulnerabilizadas e dos nossos povos originários, denunciando as mazelas e construindo esperanças.

Reafirmamos que a Medicina de Família e Comunidade, as médicas e médicos de gente são e serão os sujeitos responsáveis pelo fortalecimento da APS no Brasil, e para isso é necessário investimentos massivos na formação, nas residências e na educação continuada e permanente dos profissionais. Na busca pela sua real efetivação, que aumente sua resolutividade, que seja central na coordenação do cuidado, efetivando as vigilâncias em saúde, se mesclando com a educação popular em saúde.

As e os participantes de nosso congresso, muito obrigado pela presença, participação e contribuição, bem como as equipes de trabalho que estiveram dando as condições necessárias para nos debruçarmos sobre nossas realidades e desafios. Sobre as dificuldades enfrentadas nesses espaços nossos carinhosos pedidos de desculpas, superamos juntas, juntos e juntes em Manaus no nosso próximo encontro, desde a região amazônica reuniremos nossos próximos cantos.

As médicas, médicos de família e comunidade que vivem e resistem às assanhas de um modelo violento, xenófobo, sexista, LGBTfóbico e racista, recebam um potente e caloroso abraço, abraço que esteve conosco durante esses 5 dias de intensas atividades, não soltamos e nem soltaremos a mão de ninguém nessa caminhada a uma medicina de família e comunidade a altura das e dos brasileiros.

Viva o povo brasileiro!

Viva o SUS!
Viva a Medicina de Família e Comunidade!
Viva a Estratégia Saúde da Família!

Agora mais do que nunca!

Gestão esperançar com todas as letras!!!!!!!!!!!!!

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Por fim, um recomeço: foi feita uma chamada geral para o próximo grande encontro de todos nós: o Congresso Brasileiro de Medicina da Família e Comunidade, marcado para Manaus, Amazonas, em 2025.

Foto: Henrique Cardozo