Dandara dos Palmares

Este conteúdo faz parte da série “Mulheres Negras brasileiras que precisam ser reconhecidas” produzida pelo Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra da SBMFC com foco no Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. 

Dandara, mulher negra e guerreira é um dos principais nomes da luta negra no Brasil. Teve papel fundamental na construção e comando do quilombo dos Palmares, um dos marcos da resistência contra o regime escravocrata brasileiro, que existiu e resistiu como quilombo por mais de 100 anos.

No quilombo de Palmares, Dandara participou do estabelecimento do primeiro estado livre nas terras da América, um estado africano pela forma como foi organizado e pensado, tanto do ponto de vista político quanto militar, sociocultural e econômico.
Companheira de Zumbi, Dandara foi mãe de Aristogíton, Harmódio e Motumbo. 

Sua vivência enquanto mulher negra e de luta lhe caracterizou a alcunha de guerreira, visto que, além de dominar técnicas de capoeira, também lutou junto aos cerca de 30 mil aquilombados, comandando o exército palmarino. Em Palmares teria chegado menina, tendo participado além da resistência, nas atividades cotidianas como caça e agricultura.

Não há registros da origem de Dandara. Sua ascendência e local de nascimento são incógnitas, mas acredita-se que tenha nascido no Brasil e se estabelecido em Palmares ainda nova.

Sempre guiada pelo ideal de liberdade e em defesa do Quilombo que durou mais de 100 anos, Dandara foi contrária a um tratado de paz proposto pelo Governo Português, por encontrar nele caminhos para a volta da escravidão. Dandara sabia que o tratado poderia significar o fim do Quilombo e o retorno da escravização de sua comunidade assim, não se vendeu em troca de uma liberdade incompleta e manteve-se firme em sua ideologia até seus últimos dias.

Dandara dos Palmares é mais uma mulher negra apagada pelo machismo e racismo, sua vivência negava o lugar social destinado para as mulheres e negras tanto na época em que viveu como hoje em dia, sua luta contra as raízes da opressão traziam extremo incômodo para a sociedade. A líder e guerreira tem sua imagem frequentemente lembrada sob a sombra de seu marido, Zumbi.

Há relatos de que ela tenha se suicidado, pulando em uma pedreira após ser capturada em 06 de fevereiro de 1694. Preferia a morte a voltar a ser escrava. Se vivesse nos tempos atuais, provavelmente incomodaria muitas pessoas que se negam a enxergar o machismo racista estruturante da sociedade.

Apesar das lacunas na sua história e imagem, Dandara vive em cada um de nós que luta por liberdade e por uma vida mais digna e justa.

Referência: 
(https://www.geledes.org.br/senado-aprova-dandara-dos-palmares-e-luisa-mahin-como-heroinas-da-patria/ )

https://medium.com/@laizclaudino/precisamos-falar-sobre-dandara-dos-palmares-849429bfcbf5

(https://amazoniareal.com.br/mensageira-de-dandara/)

https://www.google.com/amp/s/www.geledes.org.br/e-dandara-dos-palmares-voce-sabe-quem-foi/amp/