Lactação induzida: mais saúde aos bebês das mães hoje invisíveis

21 de agosto de 2024

Agosto Dourado traz tema ao debate que, a propósito, também é retratado na novela global quando Maria Santa faz ‘milagre’ para Morena amamentar seu filho

Atravessamos o Agosto Dourado, mês em que se destacam iniciativas de conscientização e educação em saúde sobre a essencialidade e benefícios do aleitamento materno. Neste 2024, o tema geral a nortear as ações é “Reduzindo a lacuna: apoio à amamentação para todos”. 

Uma oportunidade ímpar para o debate de demandas praticamente invisíveis e carentes de um olhar público mais apurado. Quem está na linha de frente da assistência, cuidando de coletividades por todo o País, como as médicas e médicos de família, têm frequentemente atendimentos a mães adotantes, casais homoafetivos, mulheres trans e outras mulheres buscando caminhos para amamentar por entender a relevância, além de reforçar o vínculo afetivo.

Nem todos sabem, mas é um sonho possível por meio da lactação induzida. De acordo com Caroline Oka, médica de família e comunidade associada à SBMFC, a técnica visa ao estímulo as mamas para que, na chegada de um bebê, a mãe que não gestou possa amamentá-lo, prevê orientação de pega, entre outros pontos. Recentemente, a novela global Renascer até reavivou a discussão por meio da personagem Morena (Uiliana Lima) que passa a amamentar o bebê parido pela finada Maria Santa (Duda Santos).

Disponível no SUS

O procedimento pode ser realizado sem custo qualquer nas unidades da atenção primária. Conforme Caroline, médicas e médicos de família e comunidade são especialistas adequados, assim como gineco-obstetras e pediatras. É importante passar por avaliação para saber se há alguma contraindicação para o tratamento.

A indução da lactação envolve o uso de hormônios, medicamentos galactagogos e estímulos mecânicos para desencadear a produção de leite. O protocolo mais utilizado é o canadense, desenvolvido pelo Dr. Jack Newman. Inclui o uso de estrogênio e progesterona, além da domperidona, que é frequentemente utilizada para aumentar a produção de leite.

O protocolo pode variar conforme o tempo disponível antes da chegada do bebê. Existem dois tipos principais: o longo e o curto.

“O regular é mais adequado para as mulheres que têm uma data provável de parto, enquanto o curto é para adotantes, que muitas vezes têm pouco tempo para se preparar para a chegada do bebê”, comenta Caroline.

O processo combina intervenção medicamentosa e estímulo das mamas. “É fundamental e pode ser feito com sucção ou uma bomba elétrica unilateral, já que as bombas bilaterais não têm muita evidência de eficácia. Também usamos técnicas manuais de estímulo mamário”, detalha a profissional. Após o nascimento, é indispensável iniciar a lactação o mais breve possível para garantir a manutenção da produção de leite”.

A lactação induzida tem ainda mais chances de sucesso quando acompanhada de forma contínua por uma equipe multidisciplinar. “O ideal é que esse processo seja acompanhado por uma equipe composta por médicos, especialistas em amamentação e outros profissionais de saúde, garantindo o melhor suporte à mãe e ao bebê”, enfatiza a Caroline Oka.

Leite materno sempre

O leite materno é o alimento completo, ideal, perfeito para o bebê, suprindo todas as suas necessidades nutricionais até os seis meses de vida.

Além dos benefícios em saúde, a amamentação é prática, econômica e reduz o risco de eventual contaminação que pode ocorrer no preparo de outros leites. Estudos sugerem que crianças amamentadas tendem a ser mais tranquilas, inteligentes e felizes.

Em um mundo onde seis milhões de vidas são salvas anualmente graças ao aumento das taxas de amamentação exclusiva até os seis meses, garantir que mais pessoas possam amamentar, independentemente de terem gestado ou não, é um passo importante para a igualdade e o bem-estar de todas as crianças.