Planos da nova diretoria para valorizar a MFC

7 de agosto de 2024

Presidente Fabiano comenta prioridades do início de gestão

A Sociedade Brasileira de Medicina Família e Comunidade está sob nova direção desde 20 de julho de 2024. Conforme decisão de médicas e médicos especialistas nas urnas, Fabiano Gonçalves Guimarães, ou simplesmente Fabiano, colega de luta de Minas Gerais, é agora presidente da SBMFC.

Fabiano é graduado em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1998), com pós-graduação em MFC pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestrado profissional em Saúde da Família (PROFSAÚDE) também pela Federal de Juiz de Fora.

Ele sucede a paulista Zeliete Zanbom, encabeçando uma diretoria marcada pela renovação e da inclusão jovens MFCs — reforçada por quadros com experiência e histórico de dedicação e trabalho pela valorização da especialidade.  

A posse ocorreu em Petrópolis, durante o Congresso Fluminense, em feliz coincidência de datas. Foi uma solenidade rápida e simples, na qual houve a apresentação das metas da gestão 2024-2026.

É justamente sobre as prioridades da nova diretoria que Fabiano fala na entrevista a seguir. Confira.

Caras novas

É uma gestão que, embora mantenha pessoas da diretoria anterior – e sou uma delas, era o diretor administrativo-financeiro – chega bastante renovada, com muita gente jovem. Queremos cada vez mais a aproximação dos associados, trazer novos colegas para o centro das decisões da Sociedade. As duas gestões anteriores miraram, com bons resultados, a expansão da Medicina de Família e Comunidade, além do crescimento do número de sócios e a inserção da especialidade em políticas públicas consistentes. Seguiremos atuando neste sentido; ao mesmo tempo buscaremos fortalecer nossos canais de participação e abrir outros para que os MFCs tenham ainda mais voz nos debates e rumos da SBMFC”.

Fortalecimento dos GTs

“Os GTs, nossos Grupos de Trabalho, merecerão atenção toda especial. Queremos fortalecê-los, pois são extremamente importantes na relação com a comunidade, com nossos pacientes, com os gestores públicos. Os GTs terão todas as condições para ficarem mais fortes, robustos e atuantes. A ideia é construir juntos parâmetros, padrões que facilitem a intervenção dos GTs em suas respectivas áreas de atuação. A SBMFC tem um número relevante de GTs e uma produção importante; se ainda mais organizados, haverá melhores possibilidades de respostas rápidas às questões de saúde e das políticas públicas, entre outras. Precisamos criar fluxos ágeis para que a produção dos Grupos de Trabalho ganhe mais visibilidade e impacto. Sei que construiremos caminhos interessantes”.

Regionais

“Também faz parte do planejamento construir uma espécie de conselho de nossas Regionais para que ganhem força e voz. Daremos todo apoio para todos os estados; queremos ainda que seus presidentes participem das decisões para que possamos atender às demandas de MFCs de Norte a Sul. É essencial que as Regionais estejam sempre encorpadas para se colocarem em questões de políticas públicas, aos desafios do dia a dia da assistência.  Isso requer uma condição equilibrada em todas as áreas. Vamos juntos agir para qualificar investimentos, para dar sempre mais transparência à prestações de contas. Para tanto, precisamos nos aproximar, debater caminhos, buscar intervenções sempre mais assertivas. Enfim, a ideia é abrir espaços e fortalecer a atuação das médicas e médicos de família nos estados”.

Mais Médicos

“Um desafio importante da gestão é qualificar o Mais Médicos por meio de uma análise crítica, sensata. Apoiaremos pontos que nos façam avançar sempre; porém, quando necessário, traremos a público críticas construtivas para o debate. A propósito, há neste momento um desafio gigante: são as 30 mil vagas do programa Mais Médicos para equipes de saúde da família. Hoje, estão ocupadas por MFCs, mas também por outros colegas não especialistas. Eles atuarão quatro anos no Mais Médicos habilitando-se para nossa prova de título. Precisamos estar próximos deles, estimulá-los à prova de título, convencê-los dos benefícios de se tornarem médicas e médicos de família, além de associados. Assim, potencializaremos a nossa Sociedade ao mesmo tempo em que qualificaremos a assistência aos pacientes.”

Atenção básica

“Eu era médico no interior de Minas Gerais, recém-formado sem ter feito residência ainda, só atuando entre 2001 e 2002. Neste ano de 2002 visitei o site da SBMFC e encontrei uma lista de e-mails de membros que indicavam livros da especialidade. Comecei a ler, me interessei pela Medicina de Família e Comunidade. As trocas de e-mails daquele grupo foi o estímulo para eu fazer a residência, tornar-me médico de família e me associar. Hoje, vinte anos depois, estou presidente. Moral da história: nossa Sociedade precisa oferecer suporte também para médicos que se sentem isolados no interior, para aqueles que almejam pertencer a uma associação, que desejam estudar mais. Faremos isso. Queremos ser a fonte de informação para esses médicos, fazê-lo se identificar com a SBMFC. Vamos estimular também os que não são especialistas, mas trabalham em equipes de saúde da família a fazer a prova. Devemos sempre ser a melhor opção; é uma tarefa difícil, mas possível.”

No centro das decisões

‘No campo nacional, seguiremos atentos aos debates sobre as políticas públicas. Como frisei anteriormente, podemos e devemos buscar parceria do Ministério da Saúde em busca de avanços para o atendimento aos pacientes. Seremos parceiros e ajudaremos a consolidar as boas ideias; porém atuaremos de forma crítica e independente. Quando necessário, nos posicionaremos e tratemos propostas ao debate. Queremos ocupar espaços, ser os médicos específicos para o principal programa do governo: a Estratégia Saúde da Família”.

EPAS

“Estamos no meio do processo da construção das Entrustable Professional Activites (EPAS) para a residência médica, algo histórico para a Sociedade. São o rol de práticas que podem ser confiadas a um residente assim que tenha demonstrado competência para executá-la sem supervisão. Enquanto as competências se referem a qualidades pessoais do indivíduo em formação, as Entrustable Professional Activites referem-se às tarefas a serem realizadas dentro de determinada especialidade. Dessa forma facilitam a observação e mensuração da evolução do residente na sua prática. Só mais um registro importante: a EPA é referência mundial, no Brasil, apenas a GO tem; seremos a segunda especialidade a construí-las.”

Fomento à pesquisa

“Outra meta de nossa gestão é estimular estudos e pesquisas. Teremos uma programação de investimentos neste sentido. Tudo certinho, com editar e regras transparentes de fomento. É um projeto ainda em construção. Temos a obrigação de sonhar sempre mais alto e de ir atrás para tornar as boas ideias em realidade. Ainda não há data para lançamento, mas vamos atrás para que saia com brevidade.”

Processos abertos

“Todos os processos que envolvam a produção da Sociedade devem passar por seleção pública. Foi assim nas EPAs; já temos novos especialistas trabalhando nelas. Lançamos um edital e fizemos seleção entre os associados. Assim faremos para tudo daqui para frente. Cada um dos processos de produção da SBMFC – seja livro, artigo ou qualquer tipo de produção, terá edital aberto para concorrência. O objetivo é que todos possam participar.”

Revisão do Estatuto

“Iniciaremos os debates para a revisão de Estatuto. Há uma série de pontos que necessitam ser revistos para modernizar a Sociedade, baseados principalmente nos nossos pareceres de auditoria. Exemplo, o estatuto hoje não regula a venda de material de nossa lojinha; vamos ajustar isso. Precisamos conversar ao extremo com os associados, levantar sugestões, discuti-las para qualificá-las. Assim, teremos uma revisão competente e assertiva.”

Mensagem livre

“Atualmente, nossa principal preocupação é como fortalecer o provimento. É necessário levar médicos onde não há. Estamos dispostos a conversar para elaborar políticas juntos. Contudo, friso de novo, atuaremos de forma crítica. Reafirmo que os associados devem ter possibilidades favoráveis para participar ativamente desses processos e das decisões. Teremos também a construção dos indicadores do novo financiamento da APS – outra discussão relevante. Assim, a Sociedade se manifestará de forma coesa em quaisquer polêmicas. Manteremos o olhar crítico; mas entendemos ser possível avançar juntos.”