Nota de solidariedade às pessoas atingidas pelas enchentes no RS

7 de maio de 2024

O Grupo de Trabalho (GT) de Saúde Planetária da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), vem por meio desta nota se solidarizar às devastadoras notícias vindas do estado do Rio Grande do Sul (RS), diante da situação de evento climático com chuvas intensas que causaram enchentes em diversas cidades do estado, desde a última segunda-feira, dia 29 de abril de 2024, levando a condição de calamidade pública. As fortes chuvas atingem a população, causando danos de diversas proporções, como destruição do território e problemas de saúde pública e sociais.

Desde o último ano, o estado do Rio Grande do Sul tem passado por diversos eventos climáticos extremos, como fortes chuvas e ciclones. A percepção da necessidade de ações de mitigação e da implantação de um plano de adaptação climática é urgente. Mas, para além da informação dessas necessidades, o GT de Saúde Planetária da SBMFC vem, por meio desta nota, realizar algumas orientações à população e aos profissionais de saúde da atenção primária sobre como agir diante das enchentes.

Seguem abaixo algumas orientações práticas à população no caso de chuvas intensas:

Cuidados se a sua casa ou rua foram inundadas:

  1. Evite atravessar correntezas, mesmo que pareçam fracas;
  2. Evite andar por áreas alagadas ou lugares propensos a deslizamentos;
  3. Procure abrigo em locais elevados e seguros e mantenha distância de rios, córregos e canais de drenagem;
  4. Evite qualquer contato com a água das enchentes, pelo risco de contaminação e contato com animais peçonhentos. Porém, se não for possível evitar, reduza ao máximo o tempo de contato com a água, e procure usar equipamentos de proteção, como botas e luvas. Se não tiver, utilize sacos plásticos;
  5. Dentro de casa, certifique-se de que a eletricidade e gás estejam desligados para evitar choques elétricos. Não utilize equipamentos elétricos que tenham sido molhados ou em locais inundados, pois há risco de choque elétrico e curto-circuito;
  6. Não se esqueça de levar um celular para pedir ajuda (não é raro, em casos de enchentes, as torres de transmissão ficarem sem sinal, caso isso ocorra, desligue seu aparelho por algumas horas para economizar bateria). E se possível leve seus documentos.
  7. Se tiver que evacuar a casa, vá para os locais indicados pela Defesa Civil ou para a casa de alguém de sua rede de apoio. E só volte para sua casa até que as autoridades declarem que é seguro fazê-lo. E certificando de que sua casa está segura antes de entrar.
  8. Evite abrigar-se debaixo de árvores e mantenha-se distante de postes para evitar acidentes com descargas elétricas;
  9. Evite o contato com manchas de óleo na superfície da água da inundação, pois podem conter produtos químicos perigosos à sua saúde;
  10. Sempre sacuda roupas e calçados antes de usá-los, pois pequenos animais como aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picar quando em contato com a pele.

Cuidados com a água para beber e alimentos:

  1. Se tiver água limpa em casa, armazene-a em garrafas ou recipientes;
  2. Não consuma água, alimentos e medicamentos que entraram em contato com as águas das enchentes, pois podem estar contaminados;
  3. Na ausência de água da rede de abastecimento local, filtre e desinfete a água disponível com solução de hipoclorito de sódio (duas gotas de hipoclorito de sódio a 2,5% por litro de água) e só a consuma após 30 minutos. Outra opção é filtrar e ferver a água por 10 minutos.

Cuidados com os animais:

  1. Idealmente deve ser levado junto com seus tutores com apoio de guias, caixa de transporte ou saco de linhagem e com um pouco de ração para garantir, se possível. Mas se for evacuação emergencial e não houver condições, e abrigo o mesmo não permitir a presença de animais no recinto, não deixe seus animais domésticos em casa, pois eles podem não sobreviver ou se perder antes de você retornar. Busque outro abrigo, lar temporário, avise a defesa civil e bombeiros e em último caso solte-os para que tenham alguma chance de sobrevivência.
  2. Caso consiga um cuidador temporário para seu animal, prepare um kit básico das necessidades do mesmo e outras coisas que possivelmente não estejam disponíveis mais tarde. Como também, um cartão com informações do nome e telefone do tutor e nome do animal.
  3. Providencie identificação presa à coleira do seu animal. Tire uma foto dele para ajudar na identificação, caso seja necessário;
  4. Animais silvestres e de cativeiro devem ser levados a locais seguros e elevados também, e caso isso não seja possível, devem ser soltos para aumentar chance de sobrevivência.

Em caso de emergências, entre em contato com a defesa civil ou demais organizações. E aqueles que puderem fazer doações podem encontrar informações nas páginas oficiais do estado.

A Crise climática reflete uma crise de direitos humanos, de injustiça climática. Não basta mobilização apenas diante das catástrofes, os governos devem reconhecer a emergência das mudanças climáticas e iniciarem o quanto antes ações de enfrentamento como a implementação de políticas públicas de mitigação, adaptação e proteção das comunidades, principalmente as de maior vulnerabilidade como também o desenvolvimento da capacidade de gerenciamento de riscos e desastres. 

Disque-Saúde: 136
Urgência e Emergência: 192
Defesa Civil: 199
Corpo de Bombeiros: 193

Atenciosamente,

Grupo de Trabalho de Saúde Planetária da SBMFC
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC)