Nos dias 21 e 22 de setembro, médicos de família e comunidade (MFCs) de todas as regiões do Brasil reuniram-se no 17º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade (CBMFC), nos pavilhões do Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, para debater experiências e estudos nas atividades realizadas pelo Grupo de Trabalho (GT) de Medicina Rural da SBMFC na Tenda Sônia Guajajara
As temáticas de acolhimento, envolvimento e aproximação com as comunidades de atendimento rural foram algumas das pautas principais das rodas de conversa.
Atuação em comunidades
Os serviços de atenção primária à saúde (APS) são, muitas vezes, os únicos canais de atendimento de famílias e, nestes espaços, as(os) MFCs são (as)os profissionais mais indicados para atender pessoas e famílias, devido às competências culturais e técnicas destes profissionais.
De acordo com a coordenadora do GT de Medicina Rural, Viviane Xavier, é preciso buscar compreender culturalmente cada população e o funcionamento nas regiões em que as(os) profissionais atuam para entender verdadeiramente o que as atingem, quais suas dificuldades e como os espaços e convívios afetam suas saúdes. Desta forma, é preciso que atendimentos domiciliares se tornem parte das rotinas médicas para que a atuação siga centrada nas pessoas e com as pessoas.
Em entrevista, as MFCs Caroline Penido e Rafaela Barros falaram mais sobre as competências necessárias para as(os) colegas que atuam neste campo e sobre as fragilidades que ainda existem na formação hegemônica. “E essa formação ainda é urbana”, destacou Rafaela.
Assista a entrevista na íntegra no Instagram.
Troca de experiências
As dificuldades de acesso às residências e as localidades de algumas comunidades são problemas agravantes para o atendimento de saúde em muitas populações. As(os) participantes da reunião do grupo compartilharam experiências para reflexão e criação de possibilidades e sugestões para melhorias de atuação, como a de locomoção com colegas.
Viviane conta que em sua experiência como supervisora do programa Mais Médicos, junto a um supervisionado, atenderam uma paciente com uma doença neuromuscular rara que residia a cerca de 1h30 de distância do centro de saúde do município e não teria condições físicas de ir a outros espaços para buscar atendimento. Na situação, o grupo de médicas realizou filmagens dos movimentos anormais que a paciente apresentava e conseguiu um matriciamento com os vídeos e foram feitas possibilidades de diagnósticos com sugestões de exames que poderiam ser colhidos e realizados na casa da paciente. Assim, um diagnóstico mais preciso foi realizado e novas medicações foram receitadas junto à visita de uma equipe multidisciplinar à residência.
Programação
As atividades científicas do Grupo de Trabalho de Medicina Rural da SBMFC acontecem ainda no dia 23 de setembro, último dia de evento, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Confira a programação do evento sobre o tema:
21 de setembro
17h30: Roda de conversa com o Grupo de Trabalho de Medicina Rural sobre “O impacto na saúde de populações nos territórios atingidos por grandes empreendimentos e o papel da medicina de família e comunidade” com Ana Cláudia Teixeira, Erivan Camelo da Silva e Camila Batista.
22 de setembro
11h: Reunião do Grupo de Trabalho de Medicina Rural
17h30: Roda de conversa com o Grupo de Trabalho de Medicina Rural sobre “Tragédias e crimes ambientais, emergências sanitárias – solidariedade e internacionalismo: MFC, Médicas e Médicos Populares na atuação nas situações complexas no Brasil e em Moçambique” com moderação de Samuel Átila e palestras de Clarissa Lages Santos, Lohana Pontes Machado, Rafael Castelo Luz e Marina Abreu Corradi Cruz.
23 de setembro
13h: Roda de conversa com o Grupo de Trabalho de Medicina Rural sobre “Vigilância popular em saúde: construindo estratégias de participação popular nos territórios” com moderação de Josiano Macedo de Lima e palestras de João Antonio de Almeida, Fernando Ferreira Carneiro e Ana Paula Dias Sá.