O Congresso Brasileiro de Medicina da Família e Comunidade (CBMFC), a ser realizado em Fortaleza de 20 a 23 de setembro, fará uma intersecção entre cultura e cura. Essa será a marca da Tenda Paulo Freire, um cantinho especial em que a saúde será pensada e produzida a partir de sabedorias que extrapolam o modelo convencional de medicina, com demonstrações de experiências de cuidado coletivo.
Roberto Bob, presidente do 17° CBMFC e da Associação Cearense de Medicina de Família e Comunidade (ACEMFC), pontua que o espaço que leva o nome de um dos nossos grandes educadores já virou marca de alguns congressos da área, como o da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO).
“Nós ergueremos a Tenda Paulo Freire no CBMFC por entender que ela abarca aquilo que nem sempre é contemplado pela programação científica formal. É um ambiente onde as pessoas, em especial as inseridas nos movimentos populares, que são quem participa da organização desse point, podem se expressar”, destaca Bob.
“Precisamos ter em mente que a competência cultural, isto é, a capacidade efetiva do médico e da médica de família e comunidade de cuidar, é fundamental na formação dos profissionais. Os MFCs exercitam a compreensão e o respeito de forma compatível com as crenças e as práticas culturais de saúde do paciente”, complementa Rodrigo Tembiú, que também integra a Comissão Cultural. “Daí a importância da tenda: evidenciar que a ciência não está ‘acima’, mas ao lado da cultura.”
Rodrigo detalha que o espaço, em cada um dos quatro dias de Congresso, será ocupado por uma perspectiva ou grupo diferente – pajés, rezadeiras, benzedeiras e povos de terreiro, por exemplo, tomarão a frente da Tenda Paulo Freire, que será, inclusive, aberta a toda a população, não apenas aos presentes no CBMFC.
“Essas experiências, contudo, não ficarão restritas à tenda, se espalharão pelo evento”, frisa o presidente Bob.