Lucas Gaspar Ribeiro é médico de família e comunidade, diretor de Exercício Profissional e Mercado de Trabalho da SBMFC. Atualmente docente do curso de Medicina da UNAERP, na disciplina Saúde da Família (internato). Presidente da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade (APMFC), gestão 2018-20.
SBMFC: A Associação Paulista de Medicina de família e Comunidade é uma das maiores associações de MFC do país. Na sua opinião, a experiência ao atuar na diretoria da estadual irá contribuir na gestão da Brasileira?
Lucas: Eu estou presente na diretoria da APMFC desde 2016 e está sendo uma grande escola sobre a MFC. Vejo como um grande desafio uma associação estadual como a de SP, pois realmente está entre as maiores do país, com uma diversidade cultural, comunitária e de processos de trabalhado naMFC muito intensas. Eu gosto de pensar que SP são diversas MFCs dentro do estado, até mesmo dentro da capital. Com isso, vejo que estar vinculado a essa associação nos últimos anos, ter aprendido sobre a especialidade, sobre como ela pode ser realizada, aplicada, desenvolvida dentro da estadual, sob ombro de gigantes que vieram antes de mim, e ombros gigantes que estão ao meu lado nesse período é um processo muito importante e que me fortaleceu de forma primordial para chegar a diretoria.
SBMFC: A Diretoria de Exercício Profissional e Mercado de trabalho representa a Sociedade em diversas instituições. Qual a importância da representação da SBMFC junto ao CFM e AMB, por exemplo?
Lucas: A diretoria de exercício profissional e mercado de trabalho é um desafio interessante, pois é preciso, em todas as instituições, locais e relações, apresentar e reforçar o que é a especialidade, o que é a SBMFC. As diretorias anteriores conseguiram plantar excelentes sementes que estão germinando nesse momento, e que é preciso manter a rega adequada e garantida. A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade em expansão contínua nos últimos anos, o que pode ser visto seja pelo aumento do número de vagas de residência, no aumento de pessoas buscando titulação, seja no número de pessoas participando de congressos da especialidade. Isso aumenta a responsabilidade em levar aos outros médicos (em espaços como no CFM, AMB) o que nós somos, o que fazemos e porque o Médico de Família e Comunidade também é um especialista, não em patologias, órgãos, cirurgias específicas, mas em pessoas, como escrito no botton do Congresso Sudeste: MFC, especialista em gente.
SBMFC: Sobre o mercado de trabalho, como você enxerga a evolução da MFC? Há mais oportunidades de carreira?
Lucas: Sim, com certeza. Hoje o(a) médico(a) de família e comunidade tem um potencial de trabalho imenso. O mercado de trabalho hoje na MFC não é exclusivamente no Sistema Público e na Estratégia de Saúde da Família, apesar desse continuar sendo o maior e mais importante campo de trabalho. O sistema suplementar, hospitais, atenção domiciliar, consultórios privados, gestão em saúde (pública e suplementar), o aumento de cursos de medicina (com a obrigatoriedade da APS/ESF/MFC desde as Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014), dentre outras áreas, são possíveis pontos de atuação do médico atuar. Além do mais, após o início da pandemia de COVID, o número de profissionais em Telessaúde também permitiu uma absorção interessante de médicos de família e comunidade nos sistemas de saúde.