Aparecida Sueli Carneiro Jacoel

Este conteúdo faz parte da série “Mulheres Negras brasileiras que precisam ser reconhecidas” produzida pelo Grupo de Trabalho de Saúde da População Negra da SBMFC com foco no Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. 

Nascida em 24 de junho de 1950 em São Paulo.

Sueli Carneiro é uma das principais referências da discussão do feminismo negro no Brasil e das cotas raciais nas universidades brasileiras, tendo mais de 150 artigos publicados em jornais, revistas e em 17 livros com relação aos temas, a autora é apontada como porta voz de uma geração. Ativista anti racismo do movimento social negro brasileiro, fundadora da editora Geledés – instituto da mulher negra em 1988, escritora, filósofa e doutora pela USP. Sueli Carneiro traz para centralidade de sua produção o protagonismo das mulheres negras e suas respectivas lutas emancipatórias. 

Sua obra é de grande relevância na vida cultural e social do país, tendo gerado impactos nas ciências jurídicas, por perpassar a militância de raça e gênero, isso lhe atribuiu prêmios como o Prêmio Itaú Cultural em 2017, Prêmio Benedito Galvão (2014), Prêmio Direitos Humanos da República Francesa, Prêmio Bertha Lutz (2003), Prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth (Menção Honrosa) além do convite da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, em parceria com as Comissões da Mulher Advogada, Advocacia Assalariada e Graduação, Pós-Graduação e Pesquisa, para celebra sua vida e obra em 2020.

Enquanto ativista lutou em São Paulo contra o regime cívico-empresarial-militar, tendo sida fichada no DOPS e participado da organização de atos bem como da fundação do Movimento Negro Unificado, em 7 de julho de 1978.

Sueli Carneiro lançou seu primeiro livro em 1985, Mulher Negra, em que, de forma pioneira, desagrega dados de gênero, classe e raça em suas análises. Apenas um ano depois da chegada da internet comercial, sueli foi responsável pelo primeiro site de organização não governamental do Brasil.

É de sua autoria uma das reflexões que mais corroboram a discussão acerca da Branquitude como objeto e tema de pesquisa:

“Uma das características do racismo é a maneira pela qual ele aprisiona o outro em imagens fixas e estereotipadas, enquanto reserva para os racialmente hegemônicos o privilégio de serem representados em sua diversidade. Assim, para os publicitários, por exemplo, basta enfiar um negro no meio de uma multidão de brancos em um comercial para assegurar suposto respeito e valorização da diversidade étnica e racial e livrar-se de possíveis acusações de exclusão racial das minorias. Um negro ou japonês solitários em propaganda povoada de brancos representam o conjunto de suas coletividades. Afinal, negro e japonês são todos iguais, não é?” (Sueli Carneiro)

Obras:

Racismo, sexismo e desigualdade no Brasil (2011), pelo Selo Negro e Mulher Negra: Política governamental e a Mulher (1985) em parceria com Thereza Santos e Albertina de Oliveira Costa.

REFERÊNCIAS: 

almapreta.com

https://baoba.org.br/um-tributo-a-sueli-carneiro/

http://ea.fflch.usp.br/content/sueli-carneiro

https://www.geledes.org.br/viva-sueli-carneiro/

https://almapreta.com/editorias/o-quilombo/sueli-carneiro-filosofa-educadora-e-porta-voz-de-uma-geracao