O diagnóstico e tratamento do pé diabético na APS

14 de novembro de 2019

No Dia Mundial do Diabetes, a SBMFC propõe o foco da discussão deste ano nos cuidados com os pés das pessoas que vivem com a Diabetes Mellitus (DM).

Você, como médica/médico de família e comunidade sabe avaliar o pé do paciente diabético?

Denomina-se “Pé Diabético” a presença de infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos profundos associados a anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica em pessoas com DM.

Está entre as complicações mais frequentes do DM e suas consequências podem ser dramáticas para a vida do indivíduo, convivendo com feridas crônicas e recorrência de infecções chegando a amputações de parte ou da totalidade dos membros inferiores.

O exame periódico dos pés propicia a identificação precoce e o tratamento oportuno das alterações encontradas, possibilitando assim a prevenção de um número expressivo de complicações do Pé Diabético.

Alguns números sobre DM e Pé Diabético:

• Pessoas com DM apresentam uma incidência anual de úlceras nos pés de 2% e um risco de 25% em desenvolvê-las ao longo da vida.
• Aproximadamente 20% das internações de indivíduos com DM são decorrentes de lesões nos membros inferiores.
• Complicações do Pé Diabético são responsáveis por 40% a 70% do total de amputações não traumáticas de membros inferiores na população geral.
• 85% das amputações de membros inferiores em pessoas com DM são precedidas de ulcerações, sendo os seus principais fatores de risco a neuropatia periférica, as deformidades no pé e os traumatismos.

Como a UBS e profissionais da APS podem prestar atendimento que facilitem o acesso ao diagnóstico e tratamento do pé diabético?

É de responsabilidade da equipe de APS, com o apoio dos seus gestores, avaliar a sua demanda para o exame do Pé Diabético, a partir do reconhecimento da sua população com diagnóstico de DM. Para ter certeza que o número de pacientes com diabetes cadastrado está próximo do esperado, pode-se comparar o número de pessoas com diabetes da sua equipe (a prevalência) com a prevalência no seu município ou estado (a prevalência esperada pode ser buscada por meio do VIGITEL ou da PNS2).
É fundamental organizar o acesso das pessoas com DM para que a avaliação dos pés dessas pessoas seja regular e, ao mesmo tempo, eficiente para a equipe, em termos do tempo e dos recursos despendidos. Após o adequado levantamento da necessidade de avaliações na população de referência, é útil a equipe manter uma planilha atualizada com a data e o resultado dos últimos exames de acompanhamento dos indivíduos com DM na comunidade.

Sobre Diabetes

Diabetes melito (DM) é uma síndrome caracterizada por hiperglicemia crônica, causada pela deficiência da secreção e/ou da ação da insulina. (2)
Devido ao envelhecimento populacional e à crescente prevalência de obesidade e sedentarismo, o diabetes está atingindo proporções epidêmicas. O DM está entre os cinco principais problemas manejados pelo médico de família e comunidade e é responsável por cerca de 5% da taxa de internação por condições sensíveis à APS. (2)
Existem atualmente, no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional.(3)
Os pacientes que apresentam diabetes do Tipo 1 precisam de injeções diárias de insulina para manterem a glicose no sangue em valores considerados normais.
Para essa medição, é aconselhável ter em casa um aparelho, chamado glicosímetro, que será capaz de medir a concentração exata de glicose no sangue durante o dia-a-dia do paciente. (3)
Os médicos recomendam que a insulina deva ser aplicada diretamente na camada de células de gordura, logo abaixo da pele. Os melhores locais para a aplicação de insulina são barriga, coxa, braço, região da cintura e glúteo.

1 – Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Manual do pé diabético : estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2016. Disponível em <http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_do_pe_diabetico.pdf>

2. Tratado de Medicina de Família e Comunidade. CAPÍTULO 162 DIABETES TIPO 1 E 2. Autoria: Ana Cláudia Santos Chazan e Kelly Winck. 

3. Diabetes (diabetes mellitus): Sintomas, Causas e Tratamentos. Ministério da Saúde. Disponível em <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/diabetes.