Por Patrícia Chueiri, médica de família e comunidade, secretária-geral da SBMFC – gestão 2018-2020. Atuou no Departamento de Atenção Básica do e no Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde e como professora de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Segundo a OPAS, em 2018, mais da metade das pessoas com epilepsia não recebem a devida atenção em serviços de saúde. Atualmente, a doença atinge 50 milhões de pessoas no mundo, conforme a OMS, e ela pode ser bem controlada em até 70% dos pacientes. A dificuldade de acesso ao tratamento e a falta de diagnóstico adequado são um risco à morte súbita e a traumatismos[1].
Como médico(a) de família e comunidade, você sabe diagnosticar, encaminhar adequadamente e acompanhar o tratamento da epilepsia?
É importante que o(a) MFC identifique fatores de risco para desencadeamento das crises ou abandono de tratamento. Outra parte essencial do cuidado está relacionada a educação em saúde. Cabe ao MFC orientar as pessoas próximas sobre o que fazer e não fazer durante os quadros de convulsão. Assim como dar informações sobre o que é a epilepsia, as suas causas e quais os tratamentos disponibilizados. Estas orientações são fundamentais não só para pacientes e familiares, mas, também para a comunidade (ex.: escolas locais e igrejas). A ação educacional promove quebras de tabus e estigmas, já que a doença ainda é desconhecida pela população, mesmo atingindo 1,9 milhão de brasileiros, (dado OMS).
O(A) MFC precisa conhecer as formas de avaliação e conduta das crises epiléticas. Isso inclui abordar fatos como a apresentação das crises, se é a primeira crise, quais os intervalos entre essas crises, fatores desencadeantes, uso de medicações e quais os sinais de maior gravidade, entre outros aspectos.
A OPAS ressalta a necessidade do acesso aos tratamentos já na APS e não apenas em serviços especializados, tanto para o início como para a continuação do tratamento. O diagnóstico e o tratamento efetivo podem melhorar os números divulgados pela OPAS.
Com esse alerta, mais uma vez, reforçamos a importância da abrangência e integralidade dos cuidados na Atenção Primária em todo o território nacional. Só assim poderemos oferecer um acesso à saúde com qualidade, com tratamentos eficazes, sem necessidade de encaminhar e deslocar o paciente da sua comunidade, proporcionando melhor qualidade de vida às pessoas que têm epilepsia.
Saiba mais sobre o tema no material produzido pelo Ministério da Saúde sobre Epilepsia na APS que contou autores membros da SBMFC: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/avaliacao_conduta_epilepsia_atencao_basica.pdf.
[1] Avaliação e conduta da epilepsia na atenção básica e na urgência e emergência [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Especializada e Temática; tradução de Li Li Min. – Brasília : Ministério da Saúde, 2018. Acessado em 25/3/2019. Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/avaliacao_conduta_epilepsia_atencao_basica.pdf>