Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade explica como a estratégia auxilia o sistema de saúde pública no Brasil
Imagine um sistema de saúde organizado a partir de serviços localizados perto da sua casa, com profissionais que conhecem todo o seu histórico de saúde (e da sua família) e capazes de resolver mais de 80% dos seus problemas de saúde sem precisar encaminhar você a outro serviço de saúde? Essa é a Atenção Primária à Saúde (APS), também conhecida no Brasil como Atenção Básica, que no SUS se materializa nas Unidades de Saúde da Família (USF).
Nas USF são oferecidas ações de promoção da saúde e prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, sempre organizadas conforme características de cada região e da população que utiliza os serviços. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) ressalta que o papel do profissional que atua na APS é cuidar das pessoas de acordo com estas especificidades.
Cobertura
A cobertura da APS nas cidades brasileiras varia bastante, e pesquisas mostram que quanto maior esta cobertura é, melhores os resultados de saúde da população, e maior a qualidade de vida. Na APS as pessoas que recebem atendimento não são vistas apenas como pacientes, mas como seres humanos inseridos em uma comunidade, com hábitos de vida próprios, e todo esse contexto é considerado ao se abordar os problemas de saúde. Assim, podemos ver situações como a de uma senhora que reclama de dor nas costas constantemente e já fez vários tratamentos orientados por vários especialistas, até se perceber que a causa do problema é o fato de ela cuidar de um neto de dois anos de idade e mantê-lo no colo com frequência, ou de uma pessoa com hipertensão que já teve seu tratamento ajustado diversas vezes, mas nunca recebeu uma orientação adequada sobre as formas de preparar seus alimentos em casa.
“Numa boa conversa durante a consulta muitos problemas são solucionados, sempre orientando com base nas melhores evidências, o que além de resolver os problemas protege as pessoas de intervenções desnecessárias que costumam ocorrer com frequência em serviços de emergência, onde as pessoas não são bem conhecidas e não há tempo hábil para se conhecê-las. E abordando os problemas adequadamente, evitamos problemas mais graves como infartos, úlceras, derrames, entre outros. Além disso, há uma continuidade do trabalho, um acompanhamento periódico dessa pessoa para que ela lide cada vez melhor com os seus problemas e assim tenha uma vida melhor”, explica Rodrigo Lima, diretor de comunicação da SBMFC.
Caso a doença detectada pelo médico de família e comunidade (MFC), especialidade médica atuante nas Unidades de Saúde da Família (USF), necessite de acompanhamento por um outro especialista, as pessoas são encaminhadas a outros serviços onde receberão o cuidado mais adequado, sempre sob a coordenação do MFC, que é capaz de integrar os conhecimentos das diversas especialidades em favor da pessoa como um todo.