A conferência internacional de Jamie Meuser, do The College of Family Physicians of Canada, marcou a programação da manhã de hoje (10/07) do 13º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade. A conferência “Desenvolvimento Profissional Contínuo – A experiência canadense” foi presidida pelo Diretor de Titulação e Certificação da SBMFC, Nulvio Lermen Junior. “A SBMFC está desenvolvendo uma parceria com o colégio canadense para o desenvolvimento contínuo, com possíveis intercâmbios para o próximo ano”, adiantou.
“O médico de família e comunidade é verdadeiramente valorizado pelos pacientes e pelos fundadores do nosso sistema de saúde”, afirmou Meuser. O The College of Family Physicians of Canada é o órgão de certificação dos Médicos de Família e Comunidade do país, que é realizada em dois dias. Os MFCs do Canadá passam por dois anos de programa de treinamento na especialidade e após a residência estão prontos para passar pelo processo de certificação. Segundo Meuser, os aprovados estão aptos a exercer a Medicina de Família e Comunidade e a trabalhar com 90% ou mais dos problemas que os pacientes apresentarem, sejam eles recém-nascidos, crianças, jovens, adultos ou idosos. “Quando as pessoas têm problemas de saúde elas logo pensam em seus MFCs. Isso faz com que os cidadãos os procuram porque sabem que podem contar com a atenção deles. Isso também faz com que os estudantes de medicina escolham a MFC”, afirmou.
Meuser destacou que o sucesso canadense em desenvolvimento profissional contínuo teve origem em 1954, quando surgiu a residência em MFC no país. Em 1975 veio a necessidade de desenvolvimento contínuo. E mais recentemente o “Main Pro +”, o programa de manutenção da aprendizagem do especialista. “O desenvolvimento profissional contínuo tem o paciente em seu centro. Se o atendimento melhora, todo o sistema melhora. O programa é ambicioso, mas está bem estruturado por estar baseado na valorização do MFC. O sucesso é tamanho que os governantes utilizam isso nas eleições”, ressaltou Meuser.
De acordo com o canadense, a base do programa está nas necessidades práticas do MFC, sendo que os princípios práticos estão contidos em todas as etapas. “O aprendizado foi formulado para a visão crítica, estimulando os participantes a questionarem a prática diária e a si mesmos”, resumiu. Para Meuser, o aprendizado também se dá na prática, no próprio local de trabalho. “Muitas vezes, quando temos dúvidas, procuramos o colega ao lado para discutir algumas dúvidas acerca da prática diária. Os MFCs aprendem em equipe, colaboram em equipes”, observou.
O convidado internacional destacou as mudanças práticas geradas quando o aprendizado é ressaltado e incentivado. “Participação, satisfação, desempenho na prática clínica, saúde do paciente e se a comunidade apresentou melhorias, se tudo isso ocorreu, é a comprovação de que o aprendizado teve uma mudança positiva. Você percebe que um desenvolvimento profissional é bem-sucedido quando está satisfazendo as necessidades que devem ser atendidas. Quando saímos de um congresso como esse, por exemplo, devemos analisar a eficiência e sucesso do aprendizado das informações recebidas. Não basta dizer que foi bom e que você gostou. É necessário questionar o que você fará com esse aprendizado. Esse raciocínio mostrará, de fato, como será aplicado o conteúdo recebido”, concluiu.