A experiência do município do Rio de Janeiro, que atualmente possui 60% de cobertura de Atenção Primária da Saúde com a Estratégia de Saúde da Família, foi compartilhada com os congressistas presentes no 13º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade. A mesa redonda “Experiências Exitosas de APS no Brasil – Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis” foi coordenada por Thiago Trindade, presidente da SBMFC. Durante a atividade também foram compartilhadas as experiências de Curitiba e Florianópolis.
O secretário de saúde do município do Rio de Janeiro, Daniel Soranz, esteve presente falando da reforma de saúde que ocorre na cidade. “Em 2008 tivemos a maior epidemia de dengue na cidade, com muitas mortes. Foi o marco da falência do sistema de saúde municipal. O novo plano de reforma foi implantado em 2009. Não é mais possível pensar no sistema de saúde sem o MFC”, afirmou.
Soranz afirmou que a gestão do conhecimento é o que dá sustentabilidade para a reforma de saúde do município do Rio de Janeiro atualmente. “Nosso principal avanço é ter a maior residência em MFC e o maior centro de prática e formação de alunos do país. São 140 vagas de R1. Nosso município investe no desempenho clínico, gestão do conhecimento, gestão da clínica e na educação permanente”, ressaltou.
Soranz destacou que o grande diferencial da saúde municipal é o cidadão saber o nome do médico que atua mais próximo à sua residência. Durante sua apresentação, o secretário apresentou experiências internacionais. “Todas as decisões da secretaria têm bases teóricas fortes. Estão sendo observados modelos internacionais. Os sistemas de saúde com bom desempenho têm muitas características em comum”, considerou. A primeira característica apresentada pelo secretário é a vinculação do profissional com o usuário, em que os profissionais têm uma lista de pacientes da qual são responsáveis e o paciente sabe quem é a equipe responsável pelo seu cuidado. Outra característica é a longitudinalidade do cuidado – sempre a mesma equipe cuida da mesma família.
Também foram ressaltadas a coordenação do cuidado, protegendo o paciente de intervenções desnecessárias; serviços de APS resolutivos; monitoramento/lei de cuidados; integração da vigilância com a atenção primária; e o estabelecimento de regras e prazos claros para profissionais e usuários em exames, por exemplo.
A expectativa da situação da saúde da cidade para 2016 foi traçada considerando o fato do carioca tem a maior expectativa de vida do Brasil. Segundo Soranz, a redução de leitos hospitalares ocorre espontaneamente devido a melhoria da resolutividade da Saúde da Família. Os prontuários das Estratégias de Saúde da Família do Rio de Janeiro tornam-se principal referência para pesquisa clínica e construção de protocolos terapêuticos. Há, ainda, a expectativa de redução expressiva nas desigualdades entre os indicadores sociais.