Consequências da sepse causam maioria de mortes no pós-operatório

16 de dezembro de 2009

Devido aos avanços da medicina e ao envelhecimento da população, a proporção de pacientes em risco de morte após cirurgias está aumentando. Estudo aponta que, entre os pacientes não-cardíacos que foram para a UTI depois de sofrer cirurgias de grande porte e de urgência, há um alto índice de complicações, 38,3%, e uma taxa geral de mortalidade de 15%.

O trabalho, realizado com 587 pacientes, em 21 UTIs brasileiras de 18 instituições (oito de hospitais públicos e dez de privados), O trabalho, realizado com 587 pacientes, em 21 UTIs brasileiras de 18 instituições (oito de hospitais públicos e dez de privados), foi coordenado pela Dra. Suzana Lobo (coordenadora do Serviço de Terapia Intensiva – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e professora adjunta do Departamento de Medicina Interna) e está na última edição da Revista Brasileira de Terapia Intensiva, publicação da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB).

Complicações no pós-operatório são fonte importante de morbidade e mortalidade para pacientes submetidos à cirurgia não-cardíaca. O estudo apontou que 24,7% dos pacientes foram atingidos por infecção. As nosocomiais mais frequentes foram pneumonias (10%), abdominal (5,6%), infecção do local da cirurgia (5,1%), infecção do trato urinário (1,7%) e infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter (1%).

A complicação mais frequente foi sepse afetando 22,9% da população global, sendo 95% de sepse grave ou choque séptico, e 73% dos que foram a óbito, causado, na grande maioria, por disfunção de múltiplos órgãos (DMOS). A doença é o maior problema de saúde pública das UTI brasileiras, cujas taxas de mortalidade variam de 47% a 52%, e tem uma incidência ainda mais alta, de 28%, nos pacientes que se submeteram a operações intra-abdominais.

A falha de extubação foi a segunda complicação mais comum (10%). O estudo indica que, nesses casos, a taxa de mortalidade foi quase cinco vezes mais alta em comparação aos pacientes que não tiveram essa ocorrência.Falhas de extubação, frequentemente, resultam em 12 dias adicionais de ventilação mecânica e em mortalidade mais alta.

A terceira complicação pós-operatória de mais incidência, com 8%, foi disfunção gastrointestinal (DGI), que representa um problema clínico relevante, seguido por uma mortalidade maior, permanência mais longa na UTI e ventilação mecânica. Todavia, a falta de consenso na definição de DGI é um dos mais importantes fatores limitantes da pesquisa nesta área.

Mortalidade
A taxa geral de mortalidade foi de 15%. Os índices globais de mortalidade hospitalar foram de 16,7% até 30 dias, 19,7% até 60 dias e 20,3% até 90 dias após a cirurgia, sendo que um total de 94% dos pacientes que foram a óbito após a intervenção apresentavam um número significativo de comorbidades no momento da cirurgia.

No caso de pacientes que morreram, 66% foram submetidos a cirurgias de urgência; 70% tinham mais de 60 anos e 46% tinham acima de 70 anos. Dentre eles, 30% tinham diabetes e 21% estavam subnutridos. Do total, 69,3% dos pacientes tiveram choque séptico, 29,5% pneumonia, 23,8% tiveram DGI, 19,3% tinham sangramento grave e 18% edema pulmonar.

As principais causas de morte na UTI foram disfunção de múltiplos órgãos (DMOS) em 64% dos pacientes; morte súbita em 14,9% e choque refratário em 6,8%. As taxas de mortalidade foram três vezes mais altas para cirurgias de grande porte do que para cirurgias moderadas em pacientes com duas ou menos condições pré-existentes, como hipertensão e cardiopatia.

Segundo Ederlon Rezende, um dos autores do estudo, as reservas fisiológicas comprometidas, associadas com cirurgias extensas, seguidas por DMOS, cuja recuperação é prolongada, parece ser a marca dos pacientes de alto risco. "A fim de melhorar significativamente a sobrevida, é necessária uma abordagem bem orquestrada e multidisciplinar com ênfase em prevenção de complicações e suporte de órgãos", complementa.

Fonte: Assessoria de imprensa da AMIB