A ansiedade está cada dia mais presente na vida das pessoas de todas as idades. Desenvolver estratégias para enfrenta-la é uma das formas de evitar que ela se torne um transtorno, e que possa até mesmo levar à depressão
Com casos cada vez mais frequente, principalmente entre os jovens, a ansiedade, quando não diagnosticada e tratada, pode acarretar em diversos transtornos mais graves, como a depressão e abuso de excessivo de álcool. Na Atenção Primária, está entre os 10 motivos mais comuns na consulta, segundo o Tratado de Medicina de Família e Comunidade. Por isso, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade reforça a necessidade de o médico proporcionar um atendimento adequado, baseado na escuta do paciente para identificação dos sintomas, promover o diagnóstico correto e garantir a qualidade de vida daquela pessoa.
“A ansiedade é sentimento desagradável de apreensão. A insegurança de se perder um emprego, não conseguir lidar com questões financeiras, problemas de relacionamentos afetivos e familiares estão entre os vários motivos. Pode ser considerada transtorno quando está a ponto de prejudicar o funcionamento da pessoa e gerar sintomas de ordem mental, e também somática como palpitações no peito, tremores e suor excessivo”, explica Flavio Dias Silva, médico de família e comunidade, membro da SBMFC.
Com toda a pressão de dar conta de tudo e ter uma vida perfeita, principalmente na era das redes sociais, a ansiedade se desenvolve cada vez mais em jovens que tentam dar conta de tudo. A pressão no trabalho, provas na faculdade, ter tempo para a família e vida social com os amigos. Tudo isso pode causar grandes transtornos que impactam diretamente a saúde não só mental, mas física também.
Nas redes sociais, muitas pessoas postam apenas o lado bom do dia: um almoço em restaurante caro, academias, fotos com os filhos e amigos, mas os problemas pessoais ficam longe dos posts. O que gera a impressão de que todos à volta daquela pessoa vivem vidas perfeitas, menos aquela que batalha dia a dia, acordando cedo e dormindo tarde para atender todas as demandas, da melhor maneira possível.
Dias, que também é psiquiatra, explica que o transtorno de ansiedade, quando não tratado, pode ocasionar depressão e abuso de álcool, e aumenta o risco de suicídio. “Um dos problemas no diagnóstico é a ocultação dessa apreensão e dos sintomas durante as consultas. “Por isso, cabe ao médico pedir detalhes de alguns sintomas relatados individualmente, como angústia e nervosismo. Para um diagnóstico preciso, é importante que o médico faça uma análise do histórico médico da pessoa, assim como dados familiares e hábitos de vida. E vale lembrar que não são apenas pessoas jovens e ativas profissionalmente que podem apresentar o transtorno de ansiedade. Idosos e crianças também fazem parte dessa estatística”.
Preocupações excessivas, reações de sobressalto, irritabilidade, medos excessivos e insônia são os principais sintomas mentais. Além disso, sintomas físicos como taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese, tremores de extremidades e falta de ar suspirosa também são comuns – e às vezes os principais motivos que levam a pessoa a consultar um médico.
Não existe um exame que possa dar um diagnóstico preciso da ansiedade. Nesses casos, uma boa consulta com adequada relação médico-paciente é fundamental para avaliar se a pessoa está com níveis exagerados de ansiedade e se há necessidade de tratamento.
O tratamento varia de acordo com o grau de intensidade do transtorno de ansiedade. Casos mais leves podem ser tratados com mudanças de hábitos de vida, como atividade física e gerenciamento de estresse – no que um bom médico de família pode ajudar. Medicamentos e atividades psicoterápicas podem ser prescritas com a análise individual de cada caso. Em casos de aceitação dos medicamentos, geralmente o uso é de seis meses, com redução gradual.
Ter um autocuidado com a saúde mental é essencial para ter uma qualidade de vida e uma viver plenamente. Sabemos que problemas existem e podem causar diversas situações indesejadas e inesperadas na vida de uma única pessoa ou até mesmo de toda uma família. Em caso de sintomas mentais e físicos, conforme os citados acima, não hesite em buscar auxílio com os médicos de família e comunidade que atuam nas Unidades Básicas de Saúde de todo o país e também nos planos de saúde.