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Saúde pública: testes rápidos para diagnóstico da zika, dengue e chikungunya são aliados

27 de janeiro de 2016

 Com as epidemias constantes de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, disponibilidade de exame da Fiocruz ajudará no diagnóstico, a fim de evitar mortes e outras complicações, além de intervenções desnecessárias

 


Com a divulgação de testes rápidos elaborados pela Fiocruz no último sábado (18), surge a possibilidade de lidar melhor com uma nova epidemia de dengue, desta vez acompanhada pelos outros vírus também transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti como chikungunya e o zika, este último relacionado ao aumento de casos de microcefalia em bebês em todo o país. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) ressalta que a medida de desenvolvimento e distribuição desses testes com resultados em até 20 minutos facilita o trabalho de todos os profissionais que atuam nos serviços públicos de saúde, além de amenizar sintomas e salvar vidas. Em São Paulo, o teste estará disponível em toda a rede municipal.

“O Brasil vive uma nova epidemia de dengue a cada ano e o cenário para 2016 é ainda mais complicado, principalmente a partir da deteccao do zika e chikungunya também em forma de epidemia. A demora no diagnóstico impede medidas mais precisas para manejar cada situação e evitar complicações, especialmente as mais graves como a dengue hemorrágica”, ressalta Rodrigo Lima, diretor de comunicação da SBMFC. Ainda segundo a Fiocruz, até o fim de 2016 serão produzidos e distribuídos 500 mil kits a partir de encomenda do Ministério da Saúde.

Quando se fala em Aedes aegypti é importante a clareza de que é uma espécie de mosquito que por ser essencialmente urbano precisa de obras de saneamento para que possa ser erradicado. Cidades com melhor saneamento terão melhor combate ao mosquito. Também é essencial o engajamento global da população no sentido de combater o mosquito, controlando focos intra domiciliares de reprodução do mesmo, evitando a propagação.

Médicos de família e comunidade, membros da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), esclarecem alguns pontos sobre as doenças.

Transmissão
De acordo com a literatura, as formas de transmissão da dengue, chikungunya e o zika vírus é via picada do inseto e também por meio de relação sexual, que ainda há poucos casos relacionados. “Há apenas um no mundo, de um homem que estava na Polinésia Francesa e retornou ao país de origem, os Estados Unidos, e após relação sexual com a esposa, essa também passou a ter sintomas do zika”, explica Ana Paula Martins Marcolino, médica de família que atua em Goiás. 

Uma das formas de transmissão mais polêmica é a vertical, que é a de mãe para o feto, que tem causado doenças em bebês e foi confirmada por meio de detecção do vírus na corrente sanguínea dos bebês. “Ainda não se sabe exatamente o mecanismo relacionado a microcefalia ou o adoecimento desses bebês pelo vírus zika, mas o fato é que existe sim esse tipo de transmissão”, ressalta Ana Paula.

Sintomas
Ao identificar sintomas como fortes dores no corpo, cabeça, vômitos e náuseas constantes é necessário procurar atendimento em uma Unidade de Saúde. “A dengue pode ser confundida com outras viroses como a gripe e o diagnóstico é importante para definir o tratamento”, ressalta Lima.

Diagnóstico
Pode ser feito apenas pelo exame clínico. Os exames de sangue só são indicados para quadros suspeitos de potencial gravidade ou quando há dúvida no diagnóstico. Lima ainda alega que se não for diagnosticada a tempo, a doença pode levar a pessoa à morte. A doença, principalmente a dengue hemorrágica, pode agravar o quadro clínico do paciente rapidamente se não for tratada a tempo.

Quem é o médico de família e comunidade (MFC)?
A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O MFC é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias. 
É um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 3.200 médicos com título de especialista em medicina de família e comunidade.