Rio de Janeiro, 17 de setembro de 2021
A Nota Informativa nº1/2021 SECOVID do Ministério da Saúde em 16/09/2021 restringe a vacinação de adolescentes àquelas e àqueles com deficiências e/ou com comorbidades e/ou privados de liberdade. Em nosso entendimento as justificativas apresentadas pelo MS se baseiam em uma interpretação equivocada acerca das recomendações da OMS quando justifica sua orientação no sentido da não vacinação de adolescentes.
Entendemos que toda a população deve ser vacinada o mais rapidamente possível com os imunizantes aprovados para cada faixa etária. Entretanto, compreendemos que se deve priorizar grupos de maior risco em qualquer estratégia de vacinação;
Também, somos de acordo que as doses necessárias para completar o esquema vacinal (segunda dose) devem ser garantidas oportunamente para toda a população, para todas as vacinas em uso no país e a vacinação de reforço (terceira dose) deve ser priorizada na população idosa e nos imunossuprimidos em detrimento da vacinação de populações de menor risco;
Mas, a suspensão de vacinação de qualquer grupo, inclusive dos adolescentes, só se justificaria em cenário de escassez de vacina e incapacidade de atender a toda a demanda da população.
Reiteramos que a OMS não se posiciona contrária à vacinação de crianças e adolescentes com ou sem comorbidades. A OMS reconhece a vacina da Pfizer (única aprovada no Brasil para este fim) como adequada para vacinar esta população.
Embora seja reconhecido que o risco da COVID-19 é consideravelmente menor em crianças e adolescentes do que em adultos, tivemos mais de mil mortos entre menores de 18 anos apenas em 2020 e mais de 14 mil hospitalizações (Fonte: Ministério da Saúde).
Estes dados acima tornam ainda mais importante a vacinação de adolescentes, especialmente em um momento de retorno às aulas e o risco potencial de transmissões entre estudantes – professores-funcionários técnicos das escolas e familiares de todo este conjunto.
Vários estados já se posicionaram em manter a vacinação para essa faixa etária, demonstrando preocupação coletiva e reconhecimento do sucesso da vacina como meio de redução da transmissão e mortalidade por Covid-19. Naturalmente que há necessidade de manter o monitoramento constante dos riscos e benefícios da vacinação nesta e demais populações alvo e, seguiremos acompanhando as melhores evidências científicas para embasar nossas análises.
Pelas considerações apresentadas, a SBMFC espera a pronta revisão do Ministério da Saúde e aguarda com esperança o pronto reinício da vacinação em adolescentes.
Diretoria da SBMFC
Posicionamento da SBMFC_vacinação de adolescentes_17092021