Essas são as histórias que chegam às estatísticas oficiais. Esses números são ainda maiores. Muitas denúncias não são feitas por medo, por dependência econômica e emocional, e até falta de uma rede de apoio que acolha e oriente a vítima de agressões físicas, sexuais, verbais e emocionais.
As mulheres continuam sendo violentadas por serem mulheres. Esse é o retrato da violência de gênero no Brasil.
Profissionais da atenção primária à saúde estão em posição privilegiada para acolher essas mulheres de forma indiscriminada, entende-las em seu contexto familiar e comunitário, em suas particularidades e potencialidades.
Ajuda-las a ter voz e quebrar esse ciclo de violência. Devem estar atentos para reconhecer a violência como agenda oculta, como fonte silenciada de sofrimento e prover o ambiente acolhedor e seguro para que essas mulheres sejam ouvidas e cuidadas.
Devem conhecer e divulgar meios de denúncia como Disque 180, Disque 100 (disponíveis 24h por dia, todos os dias); o aplicativo Direitos Humanos Brasil; os sites ouvidoria.mdh.gov.br, disque100.mdh.gov.br, ligue180.mdh.br – além de recursos locais e comunitários de apoio e proteção nesses casos.
A SBMFC repudia qualquer forma de agressão. A violência de gênero é um agravo de saúde pública, é um problema sistêmico que precisa ser efetivamente enfrentado, dentro e fora dos consultórios, de forma interdisciplinar e intersetorial. E todos temos nosso papel a cumprir para uma sociedade mais equânime e menos violenta.
Referências:
Assassinatos de mulheres sobem no 1º semestre no Brasil, mas agressões e estupros caem; especialistas apontam subnotificação durante pandemia. G1. Disponível em <https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2020/09/16/assassinatos-de-mulheres-sobem-no-1o-semestre-no-brasil-mas-agressoes-e-estupros-caem-especialistas-apontam-subnotificacao-durante-pandemia.ghtml>