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INCA divulga Estimativa 2020 com novos dados sobre câncer no Brasil

5 de fevereiro de 2020

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) divulga novos dados sobre a doença que pode atingir 625 mil pessoas apenas em 2020 no Brasil. Foram anunciados os seguintes dados que foram produzidos com base em hospitais de câncer e registros populacionais (1):

• Dos 625 mil novos casos ,50,3% deverão ocorrer em homens e 49,7% em mulheres;
• O câncer de pele não melanoma, seguido por mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago;
• O Nordeste tem a maior incidência de câncer de próstata, com taxa de 72,35 a cada 100 mil habitantes;
• O Sudeste concentra o maior número de casos de câncer de mama, com 81,06 a cada 100 mil habitantes.

O Inca ainda ressalta que a prevenção continua sendo a melhor forma de evitar a doença, já que aproximadamente um terço dos casos novos poderiam ser evitados pela redução ou mesmo a eliminação de fatores de risco ambientais e os relacionados à hábitos de vida (1). 

E qual é o papel da Medicina de Família e Comunidade? Se não adotadas medidas de prevenção, 6 milhões de pessoas podem morrer até 2025 de forma prematura pela doença. Conceitualmente, prevenir o câncer consiste em reduzir ao mínimo ou eliminar a exposição aos agentes carcinogênicos além de minimizar a suscetibilidade individual aos efeitos destes agentes. Este é um conceito simplificado. Poderiam ser acrescentados a ele os aspectos sociais, econômicos e culturais (2).

Para prevenir o câncer a população deve ser informada sobre os comportamentos de risco, os sinais de alerta e a frequência da prevenção. Mas, além disto, é importante a capacitação dos recursos humanos que atuam nesta área, buscando uma reorientação para a cultura do câncer e consequentemente mudanças na práxis destes profissionais (2). 
É importante equilibrar essas ações de acordo com o perfil epidemiológico da população, e com a participação da própria população no planejamento, programação e avaliação das ações de saúde das equipes de Saúde da Família (3). 

O controle dos fatores de risco pela intervenção individual muitas vezes é incluído, sutilmente, como uma medida de promoção da saúde no sentido de que há uma convergência entre comportamentos incluídos em “estilos de vida saudável” com os que controlam ou minimizam fatores de risco, os quais apenas previnem eventos ou doenças específicas na população. Não se deve confundir promoção da saúde com redução de fatores de risco, prevenção de doenças e detecção precoce em indivíduos, mesmo que de alto risco (3) . 

“Os recentes resultados publicados pelo INCA corroboram para enfatizar a importância do engajamento de todos no combate aos diversos tipos de câncer, desde os próprios cidadãos assumirem atitudes de proteção como alimentação saudável, não fumar, praticar atividades por exemplo, até profissionais da saúde e gestores em qualificar o acesso e a coordenação do cuidado”, explica Giuliano Dimarzio, diretor científico da SBMFC e coordenador do curso online Diagnóstico e Cuidado Onco-hematológico na Atenção Básica, promovido pela Abrale, em parceira com a Sociedade. 

Níveis de prevenção (3):

a) Prevenção primária é a ação tomada para remover causas e fatores de risco de um problema de saúde individual ou populacional antes do desenvolvimento de uma condição clínica. Inclui promoção da saúde e proteção específica (ex.: imunização, orientação de atividade física para diminuir chance de desenvolvimento de obesidade).
b) Prevenção secundária é a ação realizada para detectar um problema de saúde em estágio inicial, muitas vezes em estágio subclínico, no indivíduo ou na população, facilitando o diagnóstico definitivo, o tratamento e reduzindo ou prevenindo sua disseminação e os efeitos de longo prazo (ex.: rastreamento, diagnóstico precoce).

c) Prevenção terciária é a ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação (ex.: prevenir complicações do diabetes, reabilitar paciente pós-infarto – IAM ou acidente vascular cerebral).

d) Prevenção quaternária, de acordo com o dicionário da WONCA3 é a detecção de indivíduos em risco de intervenções, diagnósticas e/ou terapêuticas, excessivas para protegê-los de novas intervenções médicas inapropriadas e sugerir-lhes alternativas eticamente aceitáveis.

Referência:
1 – Dados divulgados em coletiva de imprensa do INCA para o lançamento da Estimativa 2020. Rio de Janeiro, 4 de fevereiro de 2020. Documento disponível em: https://www.inca.gov.br/publicacoes/livros/estimativa-2020-incidencia-de-cancer-no-brasil.
2 – A prevenção do câncer e a promoção da saúde: um desafio para o Século XXI. Rev. bras. enferm. vol.58 no.2 Brasília Mar./Apr. 2005. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0034-71672005000200018
3 – Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 1. ed., 1. reimpr. – Brasília: Ministério da Saúde, 2013. 95 p: il. – (Cadernos de Atenção Primária, n. 29) ISBN 978-85-334-1729-8. Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/rastreamento_caderno_atencao_primaria_n29.pdf>