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SBMFC entrevista Marco Túlio Ribeiro: vice-presidente da SBMFC

31 de agosto de 2020

Marco Túlio Aguiar Mourão Ribeiro, é médico de família e comunidade e Geriatra, titulado pelas SBMFC e SBGG, respectivamente. Vice-presidente da SBMFC. Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará (UFC).  Doutorando em Saúde Coletiva pela UFC.

 

SBMFC: Sua atuação na Medicina de Família e Comunidade agrega várias áreas, desde a academia, no internato, até a preceptoria, sem contar na produção de artigos. Qual a importância dos médicos de família e comunidade atuarem em diversas áreas?

Marco Túlio: A Medicina de Família e Comunidade oferece hoje um campo amplo de atuação que pode estar dentro da assistência, na prática clínica, desde no sistema público de saúde, na Estratégia da Saúde da Família, que abrange boa parte dos médicos de família e comunidade, até na saúde suplementar, por meio das operadoras ou consultórios privados.

 
Além disto, temos pessoas no campo da formação, no qual há uma necessidade grande de MFCs atuando nos cursos de medicina, como professores na graduação e na pós-graduação, como em programas de mestrados e doutorados, assim como nos programas de residência, com atuação nas preceptorias.  Existe também o Programa Mais Médicos, onde podem atuar como supervisores ou tutores. 
 
A gestão também é outro campo de atuação promissor e potente, seja no setor público ou privado, que cada vez requerem mais estes profissionais.
 
Não podemos esquecer a produção científica. Precisamos escrever sobre as experiências na Atenção Primária que necessitam ser divulgadas. E isso poderá acontecer por meio de produção de artigos científicos. 
 
Ou seja, o campo de atuação é muito amplo para medicina de família e comunidade. Devemos destacar que a Medicina de Família e Comunidade com todas as letras, pode e deve ter o foco no cuidado centrado na pessoa, utilizando as ferramentas de  abordagens familiar e comunitária para garantir um cuidado integral e de qualidade, o que gera mais oportunidades no campo de trabalho. 

 

SBMFC: A Atenção Domiciliar é uma das suas áreas de interesse. Compartilhe conosco como um médico de família e comunidade pode se especializar e quais as principais características de um atendimento no lar das pessoas.

Marco Túlio: A AD é uma das áreas que eu me sinto mais confortável em atuar. Eu adoro atuar em domicílio, porque é na casa das pessoas que a gente pode compreender melhor a dinâmica e como ela está inserida socialmente no dia a dia. Assim como as relações familiares vividas e também entender e compreender uma situação/ problema/diagnóstico mais realista, baseada na vida daquela pessoa.

 
O atendimento em AD é diferente da clínica no consultório porque exige outras características. Você aborda as vulnerabilidades, já que muitas vezes, as pessoas atendidas são idosas, têm dificuldade de locomoção, têm doenças crônicas, muitas vezes em estágio grave. 
 
Então, na atuação do MFC na AD é importante compreender as principais ferramentas que são necessárias para esta abordagem e conhecer os principais problemas que estão relacionados a AD. 
 
Em nossa vivência e trajetória tivemos a oportunidade de desenvolver algumas ferramentas para ajudar no trabalho do MFC e de sua equipe, como a escala de risco e vulnerabilidade. Além disso, junto com o Leonardo Savassi, coordenador do Grupo de Trabalho de Atenção Domiciliar e diretor de Medicina Rural da SBMFC, elaboramos algumas produções técnicas para qualificar a visita domiciliar na APS.
 
Infelizmente, muita gente acredita que fazer um atendimento domiciliar é realizar  atendimento como no consultório. Mas não, realizar um atendimento qualificado no domicílio, exige uma necessidade de planejamento com a equipe, envolvendo os ACSs, compreendendo a dinâmica da família e contexto social . Desta forma poderá aplicar ferramentas que ajudarão a elaborar planos terapêuticos mais adequados, de acordo com as condições do paciente, sejam eles idosos, pessoas que estão em cuidados paliativos, dentre outros. 
 
Para isto estamos planejando, o desenvolvimento de competências para estudantes da graduação e residentes, assim como uma proposta de R3 em AD para que realmente tenhamos uma formação adequada dos médicos para atuação nos domicílios.  Aqui no Ceará, temos o programa de R3 e trabalhamos bem a competência de atendimento em domicílios e abordagem da gestão do cuidado da melhor forma. 
 
Marco Túlio em visita domiciliar. Crédito: arquivo pessoal. 
 
SBMFC: Além do senhor, outros membros da diretoria fazem parte do Nordeste. Como vê a expansão e fortalecimento da especialidade na região? 

Marco Túlio: A APS no nordeste tem uma peculiaridade porque aqui foi o berço da ESF e diferentemente do Sul e Sudeste que tiveram uma outra trajetória mais focada na clínica, aqui percebemos movimentos bem interessantes, principalmente no eixo de abordagem comunitária e na abordagem familiar. 

 
O nosso país, tem dimensões continentais e uma grande diversidade entre as regiões e estados. É claro que é necessário olhar o Brasil como um todo e ter uma política abrangente, no entanto é necessário respeitar e potencializar as suas diversidades  peculiaridades de cada local. 
 
Hoje a diretoria que compõem o núcleo do Nordeste tem a intenção de fortalecer a MFC na região, e uma das proposta é reforçar alguns pontos essenciais e estratégicos, como o eixo comunitário que é tão forte na região. 
 
Eu sou mineiro, vim para a região há mais de 15 anos, me encantei com a cidade de Fortaleza e com o estado do Ceará, e cada dia mais aprendo e reconheço as riquezas e fortalezas do povo nordestino. A MFC na região tem muito a contribuir para MFC de todo no Brasil. 
 

SBMFC: Qual será seu papel na vice-presidência da SBMFC?

Marco Túlio: É dar todo apoio à presidência, fazer as representações da Sociedade de forma institucional, fortalecer a parceria com outras instituições e sociedades médicas, como ABRASCO, ABEM,; além de fortalecer as associações estaduais e o conselho gestor,  que está entre as prioridades da nossa gestão.

 
Temos algumas ações estratégicas que iremos coordenar diretamente e outras que serão coordenadas por outros membro da diretoria que iremos acompanhar e dar todo o apoio necessário. 
 
Marco Túlio é o vice-presidente da SBMFC 
 
 

SBMFC: Por que decidiu voltar a fazer parte da diretoria, já que atuou entre 2011 e 2012 na diretoria de Pesquisa e Pós-Graduação? 

Marco Túlio: Desde quando passei a atuar no Nordeste, sempre estive ligado às gestões da sociedade, seja no âmbito regional, por meio da associação estadual, mas também da nacional, no caso, a SBMFC, na qual já tive a oportunidade de compor a diretoria em 2011 e 2012. 

 
Na estadual, a Associação Cearense de Medicina de Família e Comunidade, já  atuei como presidente, vice-presidente mais recente como diretor científico.
 
Nos últimos tempos priorizei  demandas pessoais e profissionais e estive atuando na associação no âmbito regional. Mas percebi a necessidade de fazer alguns resgates .E indo de encontro a um grupo de pessoas, sentimos a necessidade de traçar novos caminhos para a especialidade e, consequentemente, para a SBMFC. 
 
Claro que ao aceitar o desafio de assumir o compromisso na atual diretoria, tive que abdicar de algumas atividades pessoais, para atuar nessa missão de vice-presidente, porque acredito que a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade pode tomar um novo rumo. Atuando  junto com as pessoas que compõem a diretoria, com a certeza vamos cumprir nosso papel. Então, eu encarei esse desafio como uma missão. 

 

SBMFC: Gostaria de complementar com uma mensagem aos associados? 

Marco Túlio: Quero agradecer aos associados que votaram na nossa chapa, e convocamos a todos os médicos de família do nosso Brasil para atuar junto com a nossa diretoria, para o desenvolvimento e aprimoramento da Sociedade nos próximos anos.  É uma gestão voltada a todos os associados, com todos e para todos