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SBMFC entrevista Lucas Gaspar Ribeiro

23 de outubro de 2020

Lucas Gaspar Ribeiro é médico de família e comunidade, diretor de Exercício Profissional e Mercado de Trabalho da SBMFC. Atualmente docente do curso de Medicina da UNAERP, na disciplina Saúde da Família (internato). Presidente da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade (APMFC), gestão 2018-20.

SBMFC: A Associação Paulista de Medicina de família e Comunidade é uma das maiores associações de MFC do país. Na sua opinião, a experiência ao atuar na diretoria da estadual irá contribuir na gestão da Brasileira? 

Lucas: Eu estou presente na diretoria da APMFC desde 2016 e está sendo uma grande escola sobre a MFC. Vejo como um grande desafio uma associação estadual como a de SP, pois realmente está entre as maiores do país, com uma diversidade cultural, comunitária e de processos de trabalhado naMFC muito intensas. Eu gosto de pensar que SP são diversas MFCs dentro do estado, até mesmo dentro da capital. Com isso, vejo que estar vinculado a essa associação nos últimos anos, ter aprendido sobre a especialidade, sobre como ela pode ser realizada, aplicada, desenvolvida dentro da estadual, sob ombro de gigantes que vieram antes de mim, e ombros gigantes que estão ao meu lado nesse período é um processo muito importante e que me fortaleceu de forma primordial para chegar a diretoria. 

 

SBMFC: A Diretoria de Exercício Profissional e Mercado de trabalho representa a Sociedade em diversas instituições. Qual a importância da representação da  SBMFC junto ao CFM e AMB, por exemplo? 

Lucas: A diretoria de exercício profissional e mercado de trabalho é um desafio interessante, pois é preciso, em todas as instituições, locais e relações, apresentar e reforçar o que é a especialidade, o que é a SBMFC. As diretorias anteriores conseguiram plantar excelentes sementes que estão germinando nesse momento, e que é preciso manter a rega adequada e garantida. A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade em expansão contínua nos últimos anos, o que pode ser visto seja pelo aumento do número de vagas de residência, no aumento de pessoas buscando titulação, seja no número de pessoas participando de congressos da especialidade. Isso aumenta a responsabilidade em levar aos outros médicos (em espaços como no CFM, AMB) o que nós somos, o que fazemos e porque o Médico de Família e Comunidade também é um especialista, não em patologias, órgãos, cirurgias específicas, mas em pessoas, como escrito no botton do Congresso Sudeste: MFC, especialista em gente

SBMFC: Sobre o mercado de trabalho, como você enxerga a evolução da MFC? Há mais oportunidades de carreira?  

Lucas: Sim, com certeza. Hoje o(a) médico(a) de família e comunidade tem um potencial de trabalho imenso. O mercado de trabalho hoje na MFC não é exclusivamente no Sistema Público e na Estratégia de Saúde da Família, apesar desse continuar sendo o maior e mais importante campo de trabalho. O sistema suplementar, hospitais, atenção domiciliar, consultórios privados, gestão em saúde (pública e suplementar), o aumento de cursos de medicina (com a obrigatoriedade da APS/ESF/MFC desde as Diretrizes Curriculares Nacionais de 2014), dentre outras áreas, são possíveis pontos de atuação do médico atuar. Além do mais, após o início da pandemia de COVID, o número de profissionais em Telessaúde também permitiu uma absorção interessante de médicos de família e comunidade nos sistemas de saúde.

 
SBMFC: Existe alguma forma de regulamentar a contratação de médicos de família e comunidade (que têm residência e/ou são titulados), principalmente em concursos públicos? Quais serão as ações da diretoria? 
 
Lucas: Um primeiro grande movimento para conseguir modificar essa característica é apresentar aos serviços de saúde públicos (secretarias municipais de saúde) a nossa especialidade. Apresentar o que é a MFC, como contratar um especialista na área pode ser mais vantajoso que contratar um profissional sem essa característica. 
O Brasil ainda não tem profissionais suficientes para cobrir todas as equipes de saúde da família (somo aproximadamente 6 mil MFCs para 50 mil ESFs, considerando apenas o público). Assim, outro ponto importante é a atuação conjunta com a Diretoria de Titulação e as Associações Estaduais para aumentar o número de médicos titulados. Atuar junto com a Diretoria de Residência para conseguir melhores resultados de taxa de ocupação de vagas. Esses movimentos aumentam o número de especialistas, aumenta a  pressão por ocupar os cargos e melhora os resultados, mostrando a especialidade na prática.
 
SBMFC: Como enxerga a valorização da especialidade nos últimos anos?  E como podemos avançar? 
Lucas: Ainda temos que reforçar a valorização, discutir e demonstrar quando a MFC é capaz com habilidades comunicacionais, clínicas e de procedimento. Por exemplo, um MFC é capaz de realizar diversos procedimentos (colocação de DIU, cirurgias ambulatoriais, lavagem otológica, dentre outros), essas caraterísticas são importantes de pontuar, demonstrando que não somos “apenas” clínicos(as), mas somos capazes de um hall de atividades que transpassa diversas habilidades e que exigem competências diversas, merecendo ser valorizadas como únicas e que permitem uma melhor organização dos sistemas de saúde.
 
SBMFC: Gostaria de compartilhar uma mensagem aos associados? 
Lucas: Gostaria de agradecer a todos que se mantém sócios(as) da SBMFC, aos novos(as) associados(as) e também aos associados(as) que voltaram e pretendem voltar a ser sócios da sociedade. Uma especialidade forte depende de uma Sociedade forte. A atual diretoria acredita na especialidade, acredita na Sociedade e acredita que podemos crescer juntos no país. Vamos aproveitar o crescimento do número de especialistas, de residentes, de graduandos sendo formados conhecendo a especialidade para nos tornar mais fortes. Quando há um movimento síncrono de todos, a especialidade sai vitoriosa, e a diretoria que eu ocupo depende de todos nos movimentarmos em prol da MFC e em prol do fortalecimento e reconhecimento da especialidade nas diversas áreas, desde o conhecimento de nós dentro de cada unidade, até o reconhecimento nos conselhos, associações, secretarias e ministérios governamentais. Vamos crescer e fortalecer juntos.