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Dia de Combate e Prevenção à Hipertensão Arterial: alta prevalência é preocupante no mundo inteiro

26 de abril de 2018

No Dia de Combate e Prevenção à Hipertensão Arterial, datado em 26 de abril, a SBMFC alerta sobre a alta prevalência no mundo todo e estima, a partir de dados da OMS, que o número de pessoas com o problema vem aumentando. A hipertensão é uma das principais causas de morbimortalidade prematura no Brasil. O tratamento é uma das intervenções mais comuns em atenção primária. Em adultos brasileiros tem-se encontrado uma prevalência de HAS de 22,3% a 43,9%, sendo que o valor de 35% acima de 40 anos foi utilizado como parâmetro para a Política Nacional de Atenção Integral à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus pelo Ministério da Saúde, segundo dados do Vigitel 2016 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico realizado pelo Ministério da Saúde).

 

“Em uma revisão, dados agrupados sugeriram que 26% da população adulta mundial (972 milhões) tinham hipertensão, usando a definição anterior, no ano 2000. Em 2010, essa estimativa aumentou para 31% da população global, ou 1,39 bilhão de pessoas. As taxas foram maiores em países de baixa e média renda (31,5%) do que em alta renda (28,5%). Projeções de longo prazo sugerem que, em 2025, 29% dos adultos no mundo teriam hipertensão (ou seja, 1,56 bilhão de pessoas no mundo)”, explica Samantha Pereira França, médica de família e comunidade e diretora da SBMFC.

 

A frequência de adultos que referiram diagnóstico médico de hipertensão arterial variou entre 16,9% em Palmas e 31,7% no Rio de Janeiro. No sexo masculino, as maiores frequências foram observadas no Rio de Janeiro (30,9%), Curitiba (26,8%) e Porto Alegre (26,0%), e as menores em Boa Vista e Macapá (15,8%) e Palmas (16,2%). Entre mulheres, as maiores frequências foram observadas em Recife (32,6%), no Rio de Janeiro (32,5%) e em Salvador (30,2%), e as menores em Palmas (17,6%), Manaus (17,9%) e Macapá (19,2%) (Tabela 53 e figuras 51 e 52). O  relatório completo está acessível no link:  https://goo.gl/bVtMi8.

 

De acordo com as diretrizes de 2017 do American College of Cardiology /American Heart Association (ACC/AHA), a pressão sistólica (PS) normal deve ser menor que 120mmHg e pressão diastólica (PD) menor que 80mmHg. A ​pressão sistólica entre 120 e 129 mmHg é considerada elevada, e PS de 130 a 139 mmHg X PD de 80 a 89 mmHg são considerados como Hipertensão Arterial estágio I; e PS a partir de 140 X 90  mmHg é considerada como Hipertensão Arterial estágio II. Os pacientes que apresentam alterações devem ser acompanhados preferencialmente por seu médico de família em um Serviço de Atenção Primária. O acompanhamento com especialista só será necessário em casos graves, com lesão de órgão alvo ou na necessidade de fazerem algum procedimento. Mesmo nesses casos, o acompanhamento deve continuar a ser coordenado pelo médico de família que poderá abordar sua saúde de uma perspectiva sistêmica e integrada. 

 

A abordagem não-farmacológica na HAS é desejável. A opção pela terapêutica leva em consideração alguns parâmetros a serem avaliados no momento do diagnóstico, como os níveis pressóricos e a presença ou não de outras doenças. A modificação do estilo de vida deve ser indicada a todas as pessoas com pressão arterial elevada ou hipertensão. Um bom julgamento clínico e tomada de decisão compartilhada entre paciente e provedor são fundamentais.

 

Nos casos com necessidade de intervenção de medicamentos, os maiores benefícios para controle medicamentoso da hipertensão arterial se dão a partir do Estágio II – PA, a partir de 140 X 90 mmHg. 

Uma das orientações no consultório é a mudança de estilo de vida que encontra diversos tipos de resistência. "Inicialmente porque de forma geral temos dificuldade em modificar padrões de estilo de vida e também porque a vida nos grandes centros urbanos, como está organizada hoje não favorece a prática de atividades físicas ou alimentação saudável. É preciso lembrar que o Brasil é um país que tem grande parte de sua população vivendo em condições de pobreza ou miséria e essa situação desfavorece a busca por qualidade de vida", comenta. Apesar disso, cada vez mais valoriza-se as mudanças de hábitos possíveis e que possam ser incluídas no dia a dia das pessoas, como dar preferência por subir os andares pelas escadas, troca de alimentos industrializados, com alto teor de sódio e conservantes por alimentos naturais e comida feita em casa por exemplo. 

 

A Atenção Primária, por meio da Estratégia da Saúde da Família, reduziu as causas de internação por hipertensão ao proporcionar acesso ao cuidado de maneira precoce tanto no que se refere ao diagnóstico quanto acompanhamento regular as pessoas portadoras da doença, provendo as medicações sem custo nas Unidades Básicas de Saúde; através e programas de atividades físicas e orientação alimentar.

 

Quando questionada sobre Políticas Públicas que melhorassem qualidade de vida da população se implementadas, Samantha explica que é delicado fazer previsões desse tipo. Porém, pode-se inferir que se há maior prevalência de HAS nas populações mais vulneráveis e considerando a saúde como um estado que transcende somente a ausência de doenças, a melhoria da qualidade de vida obviamente traria benefícios a vida das pessoas. E certamente o maior acesso a saúde e cuidados mesmo em casos mais graves garante que as pessoas possam viver melhor mesmo sendo portadoras de condições crônicas.