Os cuidados oferecidos às pessoas LGBTI podem ser específicos, mas antes de tudo precisam acolher diversidades e considerar equidade. As informações são do GT de Gênero, Sexualidade, Diversidade e Direitos da SBMFC:
Desta forma, existem habilidades e atitudes que MFCs devem adotar em todos os atendimentos para oferecer um bom atendimento a qualquer pessoa.Confira aqui 10 ações importantes e que devem fazer parte do trabalho de MFCs:
1. Não assuma que você sabe ou que consegue descobrir a orientação sexual, a identidade de gênero ou o desejo reprodutivo de uma pessoa. Pergunte sempre! Isso não é ofensivo e pode disparar uma boa conversa sobre preconceitos mesmo com quem não é LGBTI.
2. Ao abordar sexualidade, IST, reprodução e anticoncepção, pergunte sobre as práticas sexuais da pessoa. Mesmo para casais formados por mulher e homem cisgêneros, existem outras formas de transar além da penetração vaginal por um pênis. Saiba oferecer prevenção de IST direcionada a todas as práticas sexuais.
3. Pergunte sobre os termos que cada pessoa acredita definirem sua identidade de gênero, sua orientação afetivosexual, suas relações, seus comportamentos, suas práticas sexuais e seus grupos de convivência. Peça permissão para utilizar os mesmos termos, pois algumas expressões conhecidamente ofensivas podem ser utilizadas exclusivamente por alguns grupos como forma de enfrentar preconceitos e afirmar sua existência.
4. Garanta atendimento privativo e com sigilo das informações, mesmo em relação a demais membros da equipe de saúde (como ACS). O medo de violência pela família ou pela comunidade pode ser um motivo para a pessoa não conversar com profissionais.
5. A exclusão social e a violência são importantes causas diretas e indiretas de adoecimento de LBGTIs e, geralmente, são causas ignoradas e/ou negligenciadas por profissionais. O risco aumenta quando outras opressões somam-se à LGBTIfobia, como machismo, racismo, etarismo, discriminações de classe socioeconômica e de formação familiar. Aborde e considere essas situações ao investigar um problema e ao propor uma estratégia de cuidado.Preencha os campos destinados a orientação sexual e identidade de gênero na ficha de notificação de violência.
6. A equipe deve oferecer ativamente o uso do nome social, no momento do cadastramento no serviço de saúde. O nome social deve ser utilizado sempre, por todos profissionais e em todos os documentos do serviço.
7. Aprenda a prescrever hormônios para travestis, mulheres transexuais, homens trans e pessoas não binárias que desejem transformações corporais. Além de ser uma necessidade para muitas destas pessoas, o risco biológico do uso de hormônios está relacionado principalmente à automedicação com substâncias inadequadas e que costumam ser utilizadas de maneira errada.
8. Organize um ambiente de trabalho que acolha as diferenças e que possa enfrentar as violências sofridas por usuários e por profissionais dentro do serviço de saúde, através de discussões nas reuniões de equipe, educação continuada e permanente, formação de núcleos de prevenção à violência, ouvidoria efetiva, espaço aberto e seguro para escuta ou outras estratégias. A violência institucional é uma realidade que não pode ser ignorada.
9. Conheça ou forme uma rede intersetorial para garantir acolhimento, atendimento e direitos para as pessoas LGBTI no território que você atende. Informe-se dos direitos garantidos pelo seu município ou estado.
10. Converse sobre as percepções de gênero e aborde as expectativas de cada família para suas crianças. Mulheres e homens heterossexuais cisgêneros também estão sujeitos a violências e adoecimentos por consequência dos papéis sociais e dos estereótipos de gênero, transmitidos cultural e historicamente.
Quer ler e aprender mais sobre as necessidades e o cuidado em saúde das pessoas LGBT? Acesse os links abaixo:
1. Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa – Departamento de Apoio à Gestão Participativa, Ministério da Saúde. Brasília, 2013.
2. Guidelines for the Primary and Gender-Affirming Care of Transgender and Gender Nonbinary People. Center of Excellence for Transgender Health – Department of Family & Community Medicine, University of California. San Francisco, 2016.
3. Nota Técnica 18/2014 – Nome Social. Núcleo Técnico do Cartão Nacional de Saúde, Ministério da Saúde. Brasília, 2014.
4. Transgender people: helth at the margins of society. Winter S, Diamond M, Green J, Karasic D, Reed T, Whittle S, Wylie K. The Lancet. Volume 388, nº10042, p390-400. July 2016.
5. Portal do Ministério da Saúde – Saúde de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais. Última atualização em 29/08/2017.