Por Olivan Queiroz, médico de Família e Comunidade, Mestre em Saúde Pública pela Universidade Federal do Ceará, Doutorando em Clínica Médica /Ensino na Saúde pela Unicamp.
O ano é 2004. Tornara-me médico havia alguns meses. Não tinha especialidade. Estava numa cidade de 30 mil habitantes no interior do Ceará, num plantão de 36 horas que oferecem no meio do carnaval. Era o único médico na cidade nos próximos dias. Queria atingir o quinto dígito do salário, coisa que jamais teria pensado pouco tempo antes dali. Pela manhã, no início dos atendimentos, aparece uma mãe com sua filha de 3 anos. Mulher simples, havia viajado de bicicleta pelo menos por uns 40 minutos. A queixa era uma constipação da criança. Primeira pergunta: “Há quanto tempo?”. “Desde ontem”. Na minha prateleira mental sobre constipação não havia muita coisa: idosos; dieta; fibras; hemorróidas; perda de sangue; mais de cinco dias; óleo mineral; leite de magnésia… Tentei ser atencioso, orientei algumas frutas que a ela poderiam ser oferecidas; expliquei que 24 horas era muito pouco para chamar de “constipação”; era uma queixa simples, fácil de resolver. E ela saiu satisfeita.
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