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25/11 – Dia Internacional de Combate à Exploração da Mulher

25 de novembro de 2017

A violência contra a mulher ainda é uma importante causa de morbimortalidade de mulheres no Brasil. Quando comparada à violência sofrida pelos homens, o que chama atenção é que no caso das mulheres os principais agressores são pessoas de seu convívio próximo, como parceiros e outros familiares. Dados sobre a violência contra as mulheres no Brasil.

Embora seja um fenômeno bastante prevalente, ainda não existem estatísticas oficiais e sistemáticas que quantifiquem os casos de violência contra a mulher, mas alguns estudos ajudam estimar a magnitude. Um estudo realizado pela Fundação Perseu Abramo em 2010 estimou 24% das mulheres já foi vítima de algum tipo de violência, e quando estimuladas através da citação de tipos de agressão esse número sobe para 40%. (BRASIL, 2011). O Mapa da Violência contra a Mulher 2015: homicídios de mulheres no Brasil, apontou que a taxa de homicídios de mulheres em 2013 foi de 4,8 para cada 100.000, taxa 2,4maior que a média mundial. Uma avaliação da taxa nacional de homicídio de mulheres de 2003 a 2013, demonstra que houve um aumento de 8,8% neste período. Entretanto, este aumento não aconteceu de maneira uniforme entre as mulheres, diminuindo 9.8% entre as mulheres brancas e aumentando 54% entre as mulheres negras, o que aponta que a questão racial é um importante elemento a ser considerado nas ações de enfrentamento à violência. (WAISELFISZ, 2015)

 

A Política Nacional de Enfrentamento a Violência Contra as Mulheres, de 2011, é um importante documento de referência para esta questão, pois aponta ações nos mais diversos setores para superação desta situação que envolve causas diversas. A saúde compõe a rede de enfrentamento à violência contra a mulher, e neste sentido, destacamos a seguir algumas ações que podem ser realizadas pelos médicos de família e demais profissionais de saúde, para identificar e acolher as mulheres que se encontram nesta situação.

 

O Comitê da Sociedade Médica de Massachusetts sobre Intervenção e Prevenção de Violência desenvolveu um guia prático para ajudar médicos e outros profissionais da saúde a identificar pacientes que sofrem violência de um parceiro íntimo, ou que estão em risco de abuso. O documento prevê que mulheres solteiras, ou divorciadas, adolescentes e negras tem maiores chances de sofrer agressões. Além disso, o acrônimo RADAR, desenvolvido em 1992, resume os passos que os médicos podem seguir para facilitar a detecção da violência. R Routinely Screen , lembre-se de perguntar rotineiramente sobre a possibilidade de violência A Ask Direct Questions,  pergunte diretamente a paciente se ela sofre algum tipo de violência D Document registre a suspeita de violência  A Assess Patient Safety, avalie segurança R Review Options and Referrals, reveja alternativas e em caso de risco iminente, veja quem pode abriga-la. ( MASSMED, 2017)

 

O Centro Médico Universitário Baylor em Dallas no Texas disponibiliza um questionário para que médicos de todo o mundo possam ter uma ferramenta para rastreio da violência doméstica. O HITS – Hurt, Insulted, Threatened with Harm and Screamed inclui quatro perguntas que os médicos podem fornecer às mulheres, buscando saber se o parceiro agride fisicamente, insulta, ameaça ou grita com as pacientes. (BAYLOR, 2010)

 

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC) publicou em 2017 um pacote técnico com o objetivo de “parar a violência por parceiro intimo antes de começar”. Segundo o documento, as estratégias que promovem comportamentos saudáveis ​​nos relacionamentos são importantes, e o estímulo a programas que ensinam habilidades de jovens para namoro podem prevenir a violência. (CDC, 2017)

A cartilha “ O que devem saber os profissionais de saúde para promover os direitos e a saúde das mulheres em situação de violência” também é um instrumento importante, pois foi elaborado a partir da experiência de um grupo de profissionais de saúde e pesquisadoras do campo com atuação em serviços de atenção primária. A cartilha propõe ações e abordagens que consideram as principais dificuldades observadas nestes espaços, além de orientar como realizar uma articulação com os demais dispositivos da rede de enfrentamento à violência. 6É fundamental que os médicos de família e os profissionais da atenção primária se apropriem desta temática, da sua importância enquanto questão de saúde pública, e dos instrumentos que possibilitam identificar as mulheres vítimas de violência. Além de identificar, é urgente que possamos contribuir para proteção da vida dessas mulheres e dos demais membros da família que podem estar ameaçados, e por fim, que possamos prestar um cuidado longitudinal, uma vez que a violência está associada ao desenvolvimento de uma série de agravos crônicos.

 

Referências

1. BRASIL. Política Nacional de Enfrentamento a Violência Contra às Mulheres. Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Secretaria de Políticas para as Mulheres – Presidência da República. Brasília, 2011.

 

2. WAISELFISZ, J. J. Mapa da violência 2015 – Homicídios de mulheres no Brasil. Brasília, 2015



3. MASSMED. Intimate Partner Violence 2017. Disponível em: http://www.massmed.org/partnerviolence; Acesso em 22 nov 2017

 

4. BAYLOR. Domestic Violence Screening Tool 2010. Disponível em: https://goo.gl/AAHsGh. . Acesso em 22 nov 201

 

5. Niolon, P. H., Kearns, M., Dills, J., Rambo, K., Irving, S., Armstead, T., & Gilbert, L. (2017). Preventing Intimate Partner Violence Across the Lifespan: A Technical Package of Programs, Policies, and Practices. Atlanta, GA: National Center for Injury Prevention and Control, Centers for Disease Control and Prevention.

 

6. SCHRAIBER, L. B.; D´OLIVEIRA, A. F. P. L. O que os profissionais de saúde devem saber para promover os direitos e a saúde das mulheres em situação de violência doméstica. São Paulo: Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde – USP, 2003.

 

   

Nota do GT de Saúde da População Negra da SBMFC (em processo de formalização)