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A Atenção Primária e a Medicina de Família no Nordeste

16 de maio de 2017

 *Por Magda Almeida, médica de família e comunidade, vice-presidente da Associação Cearense de Medicina de Família e Comunidade, Diretora de Medicina Rural da SBMFC


O Nordeste é uma região de belezas naturais com um povo acolhedor, mas que ainda sofre com a desigualdade socioeconômica e o acesso a bens de serviço. A Estratégia de Saúde da Família, que é a reordenadora da Atenção Primária no Brasil, teve um papel fundamental de trazer o acesso mais próximo a um médico e uma equipe de saúde para nossa região, onde os recursos são escassos.


O médico de família apresenta um conjunto de competências adequado para lidar com  o cenário de cada região e suas peculiaridades devido à alta resolutividade de lidar com problemas e crises específicas centradas na pessoa, e consegue atuar com excelência, mesmo com poucos recursos tecnológicos, situação atual que encontra-se o Nordeste em diversas localidades, principalmente nas comunidades de povos tradicionais como os de fundo de pasto, indígenas, quilombolas, pescadores e marisqueiras, que têm acesso muito mais difícil não só à saúde, mas a outros serviços fundamentais para garantia da qualidade de vida. E nessas situações é importante lembrar que  justiça social também é um instrumento de cura e o médico de família trabalha com os determinantes sociais de saúde, então é o tipo de profissional que consegue entender e atender as pessoas a partir daquela situação vivida.


Para continuar a fortalecer cada vez mais a Medicina de Família e Comunidade em todo o Nordeste, é preciso expandir os serviços de Residência Médica para que mais profissionais atuem nesses cenários. O modelo de Atenção Primária à Saúde é realizado nas unidades básicas de saúde, próximas do domicílio das pessoas. Nessas unidades são realizados tanto atendimentos programados, para o acompanhamento de situações crônicas de saúde, como atendimentos não programados, para atendimento aos problemas que se apresentam de forma inesperada ou urgente.  Hoje no Brasil, atuam mais de quatro mil médicos de família e comunidade, distribuídos em todo território nacional, mas de forma desigual, com concentração nas regiões Sul e Sudeste.


A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O MFC é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias. 


É um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade.


Nesse Dia Mundial do Médico de Família e Comunidade, datado em 19 de maio, abre-se a oportunidade de debate sobre a real necessidade de expansão e acesso a quem realmente precisa de atendimento integral e universal, desde as pessoas que estão nas capitais, mesmos as mais populosas, cujos hospitais estão com corredores lotados, assim como nas localidades e cidades menores, onde as UBS muitas vezes não tem equipamentos e equipes suficientes para atender a demanda dos usuários com resolutividade de 90%.


Você já tem uma médica ou médico de família para chamar de seu?