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7a Cumbre Iberoamericana de Medicina Familiar aborda a cultura de paz e os efeitos da violência na saúde

26 de março de 2018

No marco das comemorações e reflexões sobre a Conferência Mundial de Saúde realizada no Cazaquistão em 1978, e sob o lema “Quarenta Anos de Alma Ata: Medicina Familiar e Saúde da Família, um caminho para a paz”, a 7ª Cúpula Iberoamericana de Medicina Familiar e Comunitária foi realizada na cidade de Cali, na Colômbia, nos dias 13 e 14 de março de 2018, com a participação de 20 países da região.  

 

O tema central desta Cúpula foi o papel da Medicina Familiar e da Atenção Primária no desenvolvimento de uma Cultura de Paz e também seu papel para uma abordagem eficiente sobre os efeitos da Violência na saúde, quando se trabalha diretamente com pessoas, famílias e comunidades, os marcos da nossa especialidade. "O nível e a diversidade de tipos de violência vivenciados na atualidade são sintomas de uma sociedade adoecida e constituem uma questão fundamental em todo o mundo. O trabalho contra a violência tem sido uma recomendação específica da Organização Mundial de Saúde e da OPAS, desde 2002", explica Maria Inez Padula, presidente da CIMF.

Maria Inez ainda explica que a 7ª Cumbre foi um evento exitoso em vários sentidos: reuniu cerca de 250 participantes, entre eles cinco Ministros de Saúde e mais de 50 lideranças de todos os níveis de gestão da saúde, da educação e da pesquisa em APS da Iberoamerica, além de MFCs, residentes da especialidade, estudantes e outros profissionais de saúde. "Tivemos um painel conformado pelos Ministros participantes que resultou numa Carta assinada por todos eles e que em breve será divulgada no site da CIMF. Neste documento apoiam e destacam o papel da APS e da MFC nos Sistemas de Saúde e, mais importante, assumem compromisso com a adoção de políticas que permitam o seu adequado desenvolvimento", comenta. 

A Medicina de Família e Comunidade e a Atenção Primária podem contribuir para garantir o direito fundamental à saúde e para construir uma cultura de paz baseada na inclusão e convivência com as diferenças.  Outros eixos desenvolvidos na Cúpula também foram importantes:

1. Pesquisa aplicada aos territórios;

2. Impacto econômico da medicina familiar nos sistemas de saúde;

 3. Medicina familiar e comunitária como fonte de cuidados de saúde mental;

4. Prevenção quaternária: como fazer e como ensinar;

 5. Medicina familiar e comunitária e saúde dos migrantes.

“Vale lembrar que 40 anos se passaram desde a Conferência Mundial de Alma Ata, que trouxe o tema da Atenção Primária à Saúde (APS) como uma estratégia sem a qual não será possível alcançar a Saúde para Todos. E, na maior parte da América Latina, ainda não aprendemos a lição. Precisamos continuar a repetir e tentar "evidenciar as evidências" para os tomadores de decisão no âmbito das políticas de saúde e educação em nossos países, reafirmando que, somente com uma APS bem estruturada, com Médicos e Médicas de Família e Comunidade, será possível garantir acesso à saúde de qualidade para todos e com otimização de custos”, justifica Maria Inez.

Neste sentido, as Cúpulas Ibero-americanas de Medicina Familiar são eventos de grande importância, pois constituem um espaço técnico-político que reúne Ministros de Saúde ou seus representantes; lideranças do mundo acadêmico no campo da formação em Atenção Primária à Saúde e Medicina de Família e Comunidade; representantes da Organização Pan-americana de Saúde (OPAS); Médicos de Família e Comunidade, residentes e estudantes de medicina, outros profissionais de saúde e representantes da sociedade organizada.

O objetivo é debater, refletir e estabelecer diretrizes para atuar sobre problemas relevantes para a saúde da população e que podem e devem ser cuidados a partir do primeiro nível de atenção à saúde e com a participação dos Médicos e Médicas de Família e Comunidade (MFCs).  A metodologia utilizada inclui a formação de grupos de discussão durante o evento, que propiciam o intercâmbio de ideias entre os participantes visando elaborar recomendações para os problemas apontados e apoiar o desenvolvimento e a melhoria da Atenção Primária e da Medicina Familiar.

“O que eu vejo como um diferencial dessa 7ª edição são os novos temas que foram incluídos nesses seis eixos, representando necessidades do nosso sistema de saúde. Especialmente, o papel da medicina de família nos cuidados em saúde mental, a questão da saúde de imigrantes, que é uma realidade em nossos países. E também, a prevenção quaternária e sobre como ensiná-la nas escolas de graduação e residências, assim como na pós-graduação”, ressalta Thiago Trindade, presidente da SBMFC.

Carta de Cali

A Carta de Cali, assinada pelas autoridades presentes e que contém as 18 deliberações e encaminhamentos sobre os eixos e temas trabalhados, será divulgada em breve. Foram definidos seis eixos de trabalho, nos quais foram feitos produções em relação à prévia, com discussão e apresentação que a compõem. 

“Da Cumbre saiu o compromisso de implantar no sistema de saúde e seguir essas diretrizes e recomendações que aparecem na carta. E isso será difundido para todos os ministérios da saúde dos países da nossa região. E a Confederação tem o compromisso de monitorar essas implantações dessas políticas durante os próximos anos até a próxima Cumbre que será em 2020, em Porto Rico”, reforça Thiago Trindade, presidente da SBMFC.

 

As fotos da participação da SBMFC no evento estão disponíveis no álbum: https://goo.gl/nPL4Ks