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Gripe A, melhor a imunidade natural que a artificial

1 de abril de 2016

 Se funcionasse, a vacina contra a gripe poderia enviar a imunidade natural, que persiste 50 anos

 

Por Juan Gérvas e Jim Wright*

 

A aprovação pela FDA (dos Estados Unidos) das vacinas contra a gripe A (H1N1) abre as portas aos planos governamentais de vacinação maciça nos próximos meses. Tais planos são irracionais e fundam-se no medo e na criação de enfermidades imaginárias, bem distantes de uma política de “senso comum e tranquilidade”, como propõem médicos e outros profissionais de saúde espanhóis (e de outras nacionalidades).

 

Discordamos energicamente da vacinação maciça, que se funda em várias falsas premissas.

 

A primeira é que a pandemia de gripe A será similar à “gripe espanhola” de 1919. Tal é altamente improvável, pois aquela pandemia ocorreu num mundo empobrecido, sem sistemas de saúde públicos de cobertura nacional, sem água corrente e sem antibióticos para tratar as complicações. Por isso, a gripe espanhola matou fundamentalmente os pobres, como bem demonstra o exemplo da Índia, onde afectou gravemente os soldados aboletados em barracões, mal alimentados e em péssimas condições higiénicas, enquanto respeitava os oficiais, bem alimentados e alojados nas suas casas de estilo britânico.

 

A segunda premissa é que a gripe A é uma enfermidade grave e mortal. Mas temos dados certos e consistentes que repetidamente demonstram que isto é falso. De facto, a mortalidade por gripe A é muito menor do que pela gripe sazonal.

 

A terceira premissa é que a vacina funcionará. No entanto, a simples resposta imunológica não garante que a vacina reduza na prática as complicações infecciosas e a mortalidade. Para demonstrar isto são precisos grandes ensaios clínicos controlados, com os quais não contamos nem para a vacina contra a gripe A nem para a vacina contra a gripe sazonal.

 

A quarta premissa é que a vacina contra o vírus A (H1N1) produzirá imunidade similar à provocada pela infecção natural. Mas o vírus gripal tem uma peculiaridade singular, conhecida como “imunidade de pecado original” (5), de forma que o primeiro vírus a que nos expomos provoca a maior resposta imunológica, que persiste mais de 50 anos. Por isso é que as pessoas de mais idade parecem ter algum tipo de imunidade ao vírus A (H1N1), pois vírus similares circularam entre os anos 1918 e 1957. Parece, pois, que a imunidade natural dura mais de 50 anos e se obtém sem custo por comparação com a vacinação, que requer uma ou duas doses anuais para lograr um nível imunitário menor.

 

Por todo isto recomendamos que, como norma, as vacinas contra a gripe A se empreguem no contexto de ensaios clínicos controlados que permitam verificar se os benefícios superam os danos. Sem tal informação continuaremos, em Setembro de 2010, sem saber a quem vacinar. Tais ensaios clínicos são também imprescindíveis para as vacinas contra a gripe sazonal, já que desconhecemos os efeitos a longo prazo das vacinações e revacinações anuais, sendo provável que os danos por estas provocados superem os benefícios.

 

 

Juan Gérvas  www.equipocesca.org

Médico Geral rural, Canencia de la Sierra, Garganta de los Montes y El Cuadrón (Madrid), Espanha; Professor visitante, Departamento de Salud Internacional, Escuela Nacional de Sanidad, Madrid, Espanha; Professor honorário, Departamento de Salud Pública, Universidad Autónoma de Madrid, Espanha; Equipa CESCA, Travesía de la Playa 3, 28730 Buitrago del Lozoya, Madrid, Espanha

 

James (Jim) M Wright, Catedrático – Departamento de  Anestesiologia,  Farmacologia y Terapêuticas 2176 Health Sciences Mall – Vancouver, B.C.  V6T 1Z3, Canadá