Cuidados com a insolação durante as ondas de calor

12 de fevereiro de 2025

Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade orienta sobre uma das doenças do calor que mais afeta a qualidade de vida das pessoas vulneráveis: a insolação 

Entre as doenças que mais causam impacto no organismo humano pelas ondas de calor, está a insolação, considerada uma doença por calor, caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas causados pela interrupção da termorregulação durante a exposição ao calor extremo.

A insolação é a forma mais grave de doença por calor, que acontece quanto os mecanismos de dissipação do calor e da regulação térmica colapsam. Ainda, a insolação é um quadro grave que pode levar danos permanentes e até a morte. Durante as ondas de calor que estão cada vez mais frequentes no Brasil, observar alguns sintomas é essencial para prevenir quadros críticos de saúde. Entre os sintomas da insolação estão: dores de cabeça, alteração do estado mental, temperatura corporal acima de 40 graus; tontura; fadiga; hipotensão; desmaio; náusea; vômito e convulsão. 

Entre as populações de maior risco da insolação estão idosos; pessoas em uso de medicações para doenças crônicas como diabetes e hipertensão; crianças; pessoas em situação de rua; gestantes; pessoas acamadas e trabalhadores de áreas externas. 

“Mesmos as pessoas que não estão diretamente expostas ao sol podem sofrer com a insolação. As mais vulneráveis social e economicamente estão mais suscetíveis a sofrerem com os sintomas devido a alta exposição às temperaturas extremas, falta de acesso à água potável e condições para amenizar os efeitos do calor excessivo no organismo”, explica Mayara Floss, médica de família e comunidade, membro do Grupo de Trabalho de Saúde Planetária da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade. 

Ao ter contato com pessoas que visivelmente estão apresentando sintomas de insolação, as principais medidas são: mover a pessoa para um lugar fresco e arejado; deitá-la com as pernas elevadas; remover o excesso de roupas; borrifar água gelada no rosto e partes do corpo expostas, além de oferecer para a ingestão; colocar compressas frias em áreas de dobras como nuca, axilas e tornozelos. Em casos mais graves, procure uma Unidade Básica de Saúde e em casos de desmaios e convulsão, chame o SAMU. 

“Infelizmente, com o aquecimento do planeta a cada ano, teremos temperaturas mais altas e as pessoas que ficam mais expostas ao calor, sem estrutura para amenizar os efeitos do calor são as que mais vão sofrer. Com isso, é urgente o debate sobre políticas públicas focadas em preservar a saúde das pessoas mais vulneráveis, principalmente as que vivem em situação de rua, em comunidades com casas de materiais que agravam a temperatura interna e sem nenhum tipo de saneamento como o acesso à água potável. Enquanto isso não acontece, preservar o meio ambiente com atitudes diárias é preservar também a nossa saúde a curto, médio e longo prazos”, indica Isadora Vianna, médica de família e comunidade, diretora do Departamento de Desenvolvimento Profissional Contínuo da SBMFC. 

Isadora ainda indica que preservar áreas verdes, adotar o uso de produtos que não agridem o meio ambiente, promover a reciclagem de lixo, se atentar sobre o desperdício de água, entre outras atitudes amenizam os danos do planeta que terão consequências à nossa saúde e das futuras gerações. 

Sobre a Medicina de Família e Comunidade

A Medicina de Família e Comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O médico/a de família e comunidade (MFC) é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias.

O MFC é um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 8.100 médicos com título de especialista em Medicina de Família e Comunidade.

Sobre a SBMFC

A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade é a entidade nacional que congrega médicas e médicos que atuam em unidades de atenção primária em saúde e outros serviços de saúde, incluindo os da Estratégia de Saúde da Família (ESF), prestando atendimento médico geral, integral e de qualidade a indivíduos, famílias e comunidades. Inclui também professores, preceptores, gestores, pesquisadores e outros profissionais que atuam ou estão interessados nesta área.

A SBMFC congrega tanto médicos especialistas em Medicina de Família e Comunidade (cujo nome oficial da especialidade e de seus Programas de Residência foi Medicina Geral Comunitária até abril de 2002), quanto outros médicos, residentes e estudantes de medicina interessados nesta área. Fundada em 1981, em seus 40 anos de existência a SBMFC já promoveu diversos eventos nacionais e internacionais e hoje conta com mais de 10 mil associados de todo o país.