Epidemia de sífilis preocupa profissionais que atuam na Atenção Primária

19 de outubro de 2017

Número de pessoas com a doença transmitida por relação sexual desprotegida tem aumentado, principalmente na população jovem

A sífilis é uma doença infecciosa transmitida por sexo sem proteção. O número de pessoas contaminadas tem crescido no Brasil a cada ano, principalmente na população jovem, que muitas vezes desconhece a doença e os sintomas que são feridas na região genital e na segunda fase, manchas na pele como palma da mão, planta dos pés, abdômen e olhos amarelados. Se não diagnosticada e tratada devidamente, pode causar lesões irreversíveis nos ossos, coração, cérebro e podem levar à morte. Existe também a sífilis congênita, transmitida pela mãe para o bebê, durante a gestação. No Dia Nacional de Combate à Sífilis, datado em 21 de outubro, a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) alerta para a necessidade de prevenção por meio do uso de preservativo nas relações sexuais, que evita não só a sífilis, mas também outras doenças como HIV e HPV.

“Nas Unidades Básicas de Saúde, os médicos de família têm percebido aumento de casos diagnosticados de sífilis, principalmente na população mais jovem que está em fase de iniciação sexual. Muitas vezes, o motivo da consulta é por algum sintoma da doença, mas o paciente não tem nenhuma suspeita que seja sífilis, e a partir de conversa entre médico e paciente, o profissional busca evidências para o diagnóstico”, explica Rodrigo Lima, médico de família e diretor de comunicação da SBMFC.

As Unidades Básicas de Saúde e Clínicas da Família são a porta de entrada da população no Sistema Único de Saúde e contam com equipes da Estratégia de Saúde da Família compostas por médicos de família, enfermeiros, dentistas e agentes comunitários, que unidos, oferecem a resolutividade de até 90% dos problemas de saúde do paciente e desafogam hospitais e prontos-socorros para atendimentos de emergências e tratamentos mais complexos.

Diagnóstico e tratamento

Hoje em dia, a maioria dos casos é diagnosticada por testes rápidos, que podem ser feitos durante as consultas, e que permitem até o diagnóstico em pessoas que ainda não tiveram a manifestação dos sintomas. E quando há dúvidas com o resultado desse tipo de teste, o exame de sangue é indicado para confirmação, e eventualmente quando se tem paciente com lesão e os exames não te ajudam a efetivar o diagnóstico, é feita raspagem da ferida, que geralmente aparece na primeira fase da doença. Todos estão disponíveis no SUS.  

Números da sífilis no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, que ainda não tem dados nacionais de 2016 e 2017, nos últimos cinco anos, o número de casos de sífilis aumentou 5.000%, partindo de 1.249 em 2010 para 65.878 em 2015.

As causas para esse número variam entre o aumento de pessoas que não usam preservativo, falta de preparo de profissionais que desconhecem os sintomas da doença e também a ausência de uma forte política pública direcionada à educação sexual nas escolas.

Para Lima, a melhor forma de prevenção é a conscientização dos graves problemas que a sífilis pode proporcionar à saúde. “Como o medicamento é barato e muitas pessoas têm a mentalidade de que o tratamento resolve o problema, elas deixam de se prevenir e muitas vezes passam a doença continuamente para outras. O exame deve ser solicitado sempre que houver suspeita, desde a fase inicial para que evite o maior dano possível na saúde do paciente. Para as gestantes, é fundamental solicitar no pré-natal, para em casos positivos, a sífilis não afete a saúde do bebê e traga complicações para a mãe”, completa.