Congresso Sul-Brasileiro

18 de julho de 2016

Atualização clínica e integração entre Brasil e Cone Sul marcam o evento em Foz do Iguaçu

Por Ana Carolina D´Angelis

 

Entre 8 e 11 de junho, aproximadamente 300 congressistas estiveram reunidos em Foz do Iguaçu (PR) para discussões e atualizações clínicas no V Congresso Sul-Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade e VII Congresso do Cone Sul de Medicina Familiar.

Organizados pela Associação Paranaense de Medicina de Família e Comunidade (APRMFC), os eventos foram elaborados com atividades e temas focados no fortalecimento da atenção primária à saúde em grandes centros e áreas com acesso restrito. O encontro também discutiu as semelhanças e dificuldades no trabalho dos médicos de família e comunidade de várias regiões do Brasil e do Cone Sul e abriu a possibilidade de apontar soluções em um cenário de mudanças constantes.

O presidente do Congresso, Adolfo Gigglberger, aponta que, entre os destaques, estiveram a conferência de abertura e a Oficina de Comunicação Clínica do coordenador-executivo da Wonca Ibero-Americana (CIMF), o espanhol Luis Aguilera. Além dele, o encontro teve a presença da presidente da CIMF, Maria Inez Padula. Foram trazidas uma ampla discussão sobre a medicina de família diante dos grupos de trabalho brasileiros e da região ibero-americana e propostas para qualificações de medicina rural, P4, pesquisa e investigação com trabalho produtivo de todos.

“Outro ponto forte do evento foi a abordagem da formação do médico de família e comunidade por meio da graduação e educação continuada, além da expansão e qualificação dos programas de residências na região sul do Brasil e as definições de competências desse médico de família que estamos formando”, ressalta o presidente da SBMFC, Thiago Trindade. Ele destacou o trabalho realizado pela APRMFC como anfitriã e organizadora do evento e que “mesmo neste momento de crise, e com poucos apoios de financiamento, fez um congresso de altíssima qualidade científica”.

Ao longo do Congresso, segundo Trindade, toda a programação ampliou vários conceitos de atualização clínica com estudos pautados dentro dos princípios da MFC, especialmente a medicina centrada na pessoa e na P4.

O presidente do Congresso aproveitou a oportunidade para agradecer o apoio de entidades como a Secretaria da Saúde do Estado do Paraná, a SBMFC, na pessoa de Thiago Trindade e membros da diretoria, e a Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, na pessoa do secretário César Titton e todos os patrocinadores.

Em breve, deverá ser publicada uma carta de intenções com o resumo do que o Congresso proporcionou e apontamento para o desenvolvimento da medicina de família na região sul. As fotos do evento estão disponíveis no link: https://goo.gl/kSQhwh.

BOX 1

Juan Gérvas no Brasil

Em visita ao País para participar de eventos relacionados à APS, Juan Gérvas fez uma passagem no V Congresso Sul-Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade para saudar os colegas e lançar o livro São e Salvo e Livre de Intervenções Médicas Desnecessárias, publicação da Artmed com apoio da SBMFC. Confira a entrevista:

Qual sua visão sobre a APS no Brasil?

Otimista, porque tem os fundamentos, por exemplo no SUS e no programa de MFC, e uma residência de medicina de família estabelecida. Sem falar no conjunto, que na prática tem muitas dificuldades, mas basicamente porque a política e as atitudes dos políticos não ajudam, não têm nada de específico que se relacione à excelência da especialidade da medicina de família em trabalhar com o público.

Como o senhor vê o papel da SBMFC na implementação cada vez mais forte da APS?

O trabalho da SBMFC é excepcional, por combinar a eficiência educacional de se aprender cada vez mais com a exigência da titulação e da residência, o estabelecimento de grupos como o de prevenção quaternária e a manutenção de uma independência da indústria farmacêutica, que é admirável. Outro fator é alcançar os estudantes e fazer a medicina de família ser atrativa a eles. Lamentavelmente, a maioria dos estudantes de medicina não tem claro que a escolha da medicina de família seja a melhor opção para aqueles que têm um interesse social de compromisso com a profissão, de entrega. Muitas vezes, os estudantes terminam a faculdade perdidos.